Um dos dilemas da vida é ter de existir uma espécie de provocação antes de qualquer sonho realizado. Há, antes de uma nova zona de conforto, um momento de guerra e de desassossego. Somos como a água do rio que, antes de desaguar no mar, passa por uma série de provações. Mas, tal como a água, também acabamos sempre por chegar aonde quer que seja.
Talvez por associarmos à palavra provocação o medo, a angústia e outras emoções negativas, esta possa parecer assustadora. Mas é frente a frente com o limite que conhecemos a nossa verdadeira força e acionamos o nosso mais valioso dom.
Nos vários processos de existência, o Homem nunca se sentiu tão provocado quando encarado consigo mesmo. Uma condição de excelência, pois é frente ao espelho que nota o quanto a sua vida tem significado.
Considero que a provocação estimula. Que a forma de estarmos em condições de dar o que realmente possuímos é quando somos chamados a agir e a fazer diferente. O Mundo muda com a provocação. Com o despertar momentâneo da mente, das emoções, do espírito e do corpo. Normalmente é quando dói que decidimos avançar.
Podemos encarar a provocação como um chamamento, um ecoar da natureza subterrânea da qual somos feitos. Na verdade, só sabemos mesmo o que valemos quando colocados em situações-limite.
Grandes obras foram erguidas quando na base da provocação estava uma necessidade crucial. Poderosos avanços na ciência são, diariamente, realizados quando a cura é urgente. Podemos deambular entre oito e oitenta. Mas são estes limites que nos lembram a magia e a dádiva da criação.
Jamais poderemos viver sem a provocação. O sucesso, a felicidade, o bem-estar, o equilíbrio dependem do momento em que somos provocados a fazer qualquer coisa. De intervir.
É então necessário “provocar a provocação”. Estimular o avanço. Ir em frente mesmo que esteja quase tudo perdido. “Tirar das entranhas” a sua força interior que o fará ser melhor, mais consciente e, certamente, estar mais em paz consigo mesmo.
Se há livros que me espicaçaram a olhar a vida de modo diferente foram “A Metamorfose” de Franz Kafk e “Eu tenho um sonho: A autobiografia de Martin Luther King” (livro organizado por Clayborne Carson).
Livros bem diferentes mas que tocam no fundo da nossa alma. Que nos provocam, que nos fazem “ferver” tanto de revolta como de entusiasmo, que nos indicam que mais forte do que a aparência é o que brota de dentro de cada um de nós.
Leia ambos os livros com a questão da provocação em mente. Deixe-se estimular. Envolva-se. Permita que as palavras estremeçam na sua mente. Entregue-se.
Desejo-lhe momentos inspiradores.
Boas Leituras,
César Ferreira
Biblioterapeuta e Reading Coach