“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Esta célebre frase de Antoine de Saint-Exupéry no seu livro “O Principezinho” é, para mim, uma das formas mais honrosas de impulsionar a relação com o outro.
Escutar e aprender com o outro sempre foi um dos requisitos mais importantes, quer para nos entendermos mais e melhor, quer para conhecermos o que de diferente modo não conheceríamos.
Conectar-se com o outro é uma experiência. Uma jornada que vai além do tempo e do espaço. Que vai mais longe do que o cruzar de olhares e de palavras. Gerações fundem-se e evoluem assim que se tocam. E este é um dos aspetos mais belos e aterradores da conexão com o outro.
A primeira vez que li “A saga de um pensador” de Augusto Cury pensei até que ponto estamos dispostos a aprender com quem nos surge. Eu, pessoalmente, devo muito do que sou às pessoas que se cruzaram comigo, mesmo sendo por motivos que me magoaram. Confesso que foi com estas que mais aprendi.
Há uma liberdade estranha sempre que entramos no mundo do outro e permitimos que o outro entre em nós. Como Carl Jung afirmava, “ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”. As palavras são apenas veículos de recuperação do indizível. Pois, no fim, somos apenas almas humanas que se tentam apreciar.
No livro de Augusto Cury, “A saga de um pensador”, a paixão pela vida é levada a uma consideração fundamental através de Marco Polo, um estudante de medicina, e de Falcão, um filósofo sem-abrigo. Personagens que, pelo seu antagonismo, representam as várias facetas da vida. Os extremos que se combinam pela aprendizagem baseada na experiência de vida de cada um.
Pensar que somos fortes ao ponto de seguirmos solitariamente um caminho é, no mínimo, desconcertante. Todas as pessoas que encontramos e que, de alguma forma, nos fazem sentir qualquer coisa, têm um papel crucial na nossa vida. Uns até podem se tornar nossos mestres, mentores ou mesmo os nossos piores inimigos. Mas cada um deles “deixa um pouco de si, leva um pouco de nós”.
Há imensos livros que abordam esta questão. Na verdade, em qualquer livro que se leia reside uma relação entre pessoas. Nem que seja entre o leitor e o autor. As palavras tornam tudo mais claro, mais compreensível, menos silencioso.
Se ambiciona saber aprender mais com as pessoas que o(a) rodeiam, não deixe mesmo de ler este livro de Augusto Cury. Foi um dos livros que me ajudou a, por exemplo, equilibrar a minha parte sonhadora com a minha parte pensadora.
Tudo é necessário no devido momento em que tem a sua aparição em nós. Escutar o que o outro tem para si e permitir que saia da sua boca o que o outro precisa aprender é um ato de puro humanismo.
Estarmos conectados é uma necessidade, não um capricho.
Desejo-lhe momentos inspiradores.
Boas Leituras,
César Ferreira
Biblioterapeuta e Reading Coach