As lágrimas caíram-me pela cara. Voltei o rosto para a janela, fingindo que estava a olhar para a paisagem, mas o meu diretor de produção deixou sair algumas palavras, num tom carinhoso e tranquilo, que me fizeram entregar o coração: “A sério, Cristina, nós tomamos conta disto. Faz o que os médicos te dizem e pára. Mais vale parares um mês e voltares como nova do que corrermos o risco de te perdermos a ti”.
Este é um texto de homenagem à minha equipa. Foi por mim, em primeiro lugar – e pela primeira vez na vida – que decidi fazer uma paragem para cuidar do meu corpo e da minha mente. Mas foi também por eles e por todos os que amo e me amam que disse, sim. Vou parar.
Íamos a caminho de Braga e do Porto para mais um périplo de reuniões. Notava-se o meu desconforto. Cada vez mais. Olheiras que a maquilhagem já não disfarçava. Noites que não dormia. Dores que me perseguiam de tal forma que me arrastavam a subir as escadas da empresa diariamente e me tiravam o sorriso a todo o instante.
O Luís Leal e a Carla Viana, nossa Diretora Executiva, perceberam bem, nesse dia, a minha fragilidade. O apoio deles foi fundamental para a decisão. Mesmo sabendo que o silêncio da Carla, naquele momento e ao ouvir as palavras do Luís, era de preocupação. Mas sim, eu tinha de parar. Nada nem ninguém estava a ser mais importante.
Volto ao tema do meu #coolstandby imposto pelos médicos para recuperar de um início de burnout, para homenagear a minha equipa, que muito merece!
Estou muito grata à vida por estar viva! Estou muito grata à minha intuição por mais uma vez me ter guiado para o sítio certo e a Deus por me ter colocado no caminho as pessoas que estão a fazer a diferença.
É-me indiferente o que alguns possam pensar sobre esta minha (possível exagerada) exposição pública. Até podem mesmo pensar que quero chamar a atenção. Prefiro saber, dentro de mim, que quero ajudar a alertar para um problema que é muito maior do que pensamos e está guardado em silêncio por estigma social.
A vida de hoje é, demasiadamente, exigente para o corpo e a mente não se ressentirem. A somar ao stress do trabalho, dos resultados, das obrigações e responsabilidades, da vida pessoal que por si mesma já tanto nos responsabiliza, há o medo de estar a perder alguma coisa à nossa volta e termos de estar sempre ligados.
O famoso FOMO (Fear of missing out – medo de perder alguma coisa) de que se fala desde o início do século é cada vez maior. Importa estarmos conscientes dele e o controlarmos.
Li há dias uma coisa maravilhosa sobre a melhor receita para controlar esse medo: ao FOMO respondemos com FOCUS (Follow one course until sucessful – siga um caminho até alcançar o sucesso). Devemos identificar qual é a nossa “praia” e concentrar o nosso foco nisso mesmo, ler sobre o tema, procurar saber o máximo e estar sempre atualizado, ou seja, sermos uma pessoa que canaliza esse medo para algo benéfico.
Tão simples. E tão complicado… Quando temos milhares de coisas à volta a sugar a nossa atenção, como nos focamos? Eu falo por mim. Tenho de aprender umas formas e retomar outras que fui deixando pelo caminho pela falta de tempo. Um dia esse tema inspirar-me-á possivelmente para outro texto.
Hoje, e porque não quero fazer mais um texto longo (daqueles que obrigam, como costumo dizer, a ler devagar), quero apenas vir aqui dizer obrigada. E se estou grata à vida por estar viva, também estou muito orgulhosa por ter a equipa que tenho!
Obrigada Luís Leal, por teres tido a coragem de me dizer a mim, diretamente, que devia parar. Obrigada por teres dito que vocês tomavam conta de tudo. Obrigada por chamares a atenção aos teus colegas para a necessidade de eu o fazer sob pena de todos sairmos a perder.
Também eu tive vontade de me esconder para ninguém perceber que não estava bem. No início era isso que fazia…até aceitar que se estava a tornar insustentável.
Escrevia hoje, numa resposta a uma mensagem do instagram, que tenho a sorte de ter uma equipa fantástica que está a tomar conta de tudo. Sim. É verdade. Mas também escrevia que a sorte dá muito trabalho e se ser líder é comandar também é apoiar, aculturar, sensibilizar…e a minha equipa sempre teve do meu lado apoio e sensibilização para a necessidade de sermos um só e não vários dentro do mesmo espaço.
Só por sermos quem somos como equipa me posso dar ao luxo de tirar tempo para investir em mim. Um luxo que afinal também é estratégico para a empresa. Com uma organização para gerir, um programa semanal ao qual dou rosto e um blog para alimentar não teria sido fácil fazer o que estou a fazer.
Todos na minha empresa me apoiaram nesta decisão. E todos estão a dar o máximo para nada cair. Eu, do meu lado, reforcei a equipa para que ninguém fique em excesso e entre em colapso de seguida. Cabe-me também ter essa visão.
Se sou uma inspiração pelo trabalho que tenho feito ao longo destes 15 anos, que possa ser agora também nestes temas mais ligados ao que mais importante temos na vida: a nossa própria VIDA!
Bem haja à melhor equipa do mundo que me tem dado paz e tranquilidade para eu descansar. Parabéns a todos por estarem a fazer tão bem o trabalho que a todos nos apaixona.
Um agradecimento especial à Maria José Martins, com quem já dividia o ecrã com a Ana Gaboleiro, numa apresentação a 3, por tão bem estar a conduzir o Imagens de Marca, à Carla Viana que me tem representado também na Direção Executiva da empresa, à Mafalda Rocha que tem sido exemplar na produção executiva do IM e também ao Luís e Raquel Ramos que são uma dupla imparável na área de produção de conteúdos para empresas.
Sem cada um de vocês, equipa I´M in Motion, todos e cada um, nada disto seria possível! Também por nós e pelos nossos projetos, prometo voltar. E sim, com o meu sorriso de sempre.