Fala-se muito sobre liderança. Sobre visão, estratégia, resultados. Sobre a força, a postura, a confiança. Sobre a voz que comanda, a mão que orienta, a mente que decide. Mas pouco (muito pouco) se fala daquilo que verdadeiramente sustenta quem lidera: a vulnerabilidade.
É fácil admirar quem parece inabalável. Quem se apresenta sempre seguro, com respostas na ponta da língua e um caminho traçado ao milímetro. Mas a verdadeira liderança raramente vive à superfície. Ela acontece nos bastidores, longe dos holofotes, dos palcos ou dos discursos decorados.
É no silêncio das decisões difíceis, na solidão de quem tem de escolher mesmo quando tudo é incerto, nas dúvidas que nos assaltam nos dias em que o mundo pesa, que mora o lado mais verdadeiro da liderança.
Liderar é carregar nos ombros a responsabilidade pelos outros. É tomar decisões que, muitas vezes, pesam mais no coração do que na razão. É mantermo-nos firmes quando, por dentro, tudo parece desabar. É avançar, mesmo quando a alma pede pausa. É continuar a acreditar, mesmo sem garantias.
E é precisamente por isso que precisamos de falar sobre vulnerabilidade.
Não como fraqueza. Mas como o que ela é de facto: um ato de coragem.
Porque é preciso coragem para dizer “não sei”. Para admitir que não se tem todas as respostas. Para pedir ajuda. Para reconhecer um erro. Para mostrar que, por detrás do cargo, existe uma pessoa – inteira, imperfeita, real.
É nessa verdade que a liderança ganha humanidade. É aí que nasce a empatia.
É aí que se constrói a confiança, que não é baseada no poder, mas na autenticidade.
Ao longo da minha vida, aprendi que esconder o que sentimos não nos protege. Afasta. E que mostrar o que somos, com verdade e integridade, não nos fragiliza. Humaniza. E é na humanidade que reside o verdadeiro impacto de um líder.
Nos bastidores, há noites sem dormir. Há decisões solitárias. Há reuniões onde se fala mais com o olhar do que com palavras. Há medos que ninguém vê. Mas também há uma entrega imensa. Há uma paixão que nos move e um propósito que nos guia, mesmo nos dias mais difíceis.
Porque quem lidera com o coração não o faz para ser admirado. Faz para servir.
Para transformar. Para deixar um legado que não se mede em números, mas em pessoas tocadas, inspiradas.
A vulnerabilidade é o que nos torna inteiros. É aquilo que nos permite liderar com alma. É o que nos permite continuar a ser farol, mesmo quando a nossa luz também oscila.
E talvez seja disso que o mundo mais precise agora: de líderes que não tenham medo de ser humanos. Que abracem os bastidores. Que não liderem com perfeição, mas sim com verdade.
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