Por Cristina Amaro
Quantas vezes deixámos de dar um passo porque o medo falou mais alto?
O medo de falhar. O medo do julgamento. O medo de não estar à altura.
É curioso como o medo pode ser, ao mesmo tempo, um guardião e uma prisão. Protege-nos de alguns riscos desnecessários, mas também nos corta as asas quando mais precisamos de voar. E, tantas vezes, o que nos paralisa não é a realidade, é apenas a ideia do que poderá correr mal.
Vivemos numa sociedade que valoriza muito mais o sucesso do que o processo. Crescemos a acreditar que falhar é sinal de fraqueza, quando, na verdade, é o contrário: falhar é o que nos torna humanos, é o que nos aproxima do caminho certo, é a ponte para a nossa evolução.
O problema é que ao carregarmos este medo como um fardo ficamos paralisados. Adiamos decisões. Perdemos oportunidades. E, sem darmos conta, vamos encolhendo os nossos sonhos até caberem dentro daquilo que nos parece seguro.
Mas a segurança é, na maior parte das vezes, apenas uma ilusão. E o preço de vivermos dentro dela é alto demais.
Na carreira, como na vida, crescer exige coragem. E coragem não é ausência de medo. É avançar apesar dele. É aceitar que falhar faz parte do caminho.
É reconhecer que não somos perfeitos — e que não precisamos de ser. É dar o passo, mesmo sem garantias de chegada.
Quem nunca falhou, provavelmente, nunca ousou sair da sua zona de conforto. E é fora dessa zona, no território da incerteza, que a vida acontece em plenitude. É aí que aprendemos. É aí que nos reinventamos. É aí que descobrimos a nossa força.
Superar o medo não significa deixar de o sentir. Significa aprender a caminhar com ele. A ouvi-lo, agradecer-lhe pela proteção, mas não deixar que se sente ao volante da nossa vida.
Se há algo que aprendi é que fracassar não é cair. Fracassar é desistir antes de tentar. Cada tentativa, mesmo que não termine como imaginámos, acrescenta-nos experiência, clareza e uma confiança que só nasce do fazer.
O grande segredo talvez esteja em mudar o foco: deixar de viver na obsessão de não falhar para vivermos comprometidos em crescer. Porque quando a meta deixa de ser a perfeição e passa a ser a evolução, o medo perde a força que tem sobre nós.
Falhar não é o contrário de vencer. É parte do processo. É o ensaio que nos prepara para o palco da vida.
Da próxima vez que o medo bater à porta, lembre-se: ele só aparece quando estamos prestes a fazer algo que importa. Respire fundo. Dê o passo. Porque a sua vida e a sua carreira não crescem na certeza, mas sim no risco, na entrega e na coragem de ser maior do que o seu medo.
No fim, o que fica não são as vezes em que não arriscámos. O que fica são as histórias que ousámos viver.
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