Cristina Amaro
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A arte de delegar. Vamos focar-nos no que realmente importa?

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A vida

A arte de delegar. Vamos focar-nos no que realmente importa?

A arte de delegar. Vamos focar-nos no que realmente importa?

Por Cristina Amaro

Levamos a vida a correr. Entre tarefas, compromissos, reuniões, decisões, muitas vezes sentimos que o dia nos escapa das mãos. E quando finalmente paramos, percebemos que dedicámos tempo e energia a tudo menos ao que realmente importa.

Delegar não é apenas um verbo do mundo corporativo. É uma arte. Uma capacidade que exige confiança, desapego e coragem. É tentar deixar de parte o controlo absoluto para ganhar algo maior: tempo. Tempo para pensar, para criar, para liderar, para ser e estar presente.

Mas por que razão custa tanto? Talvez porque confundimos valor com presença constante. Porque acreditamos que só é bem feito se for feito por nós. Porque temos medo de que algo falhe ou de mostrar vulnerabilidade ao admitir que precisamos de ajuda.

Na verdade, delegar é um ato de grandiosidade. É reconhecer talento no outro. É permitir que cada pessoa cresça na sua competência. É libertar-nos da loucura das listas intermináveis de tarefas para voltarmos a nós mesmos e ao nosso propósito.

Se queremos construir algo duradouro – seja uma carreira, uma equipa, uma família ou até um legado – precisamos de aprender a entregar parte do caminho às mãos que nos rodeiam.

Quando delegamos abrimos espaço para a clareza. E com clareza conseguimos focar-nos no essencial – na estratégia em vez da execução; no “porquê” em vez do “como”; no impacto em vez do detalhe; e nas pessoas em vez dos papéis.

Delegar não é perder o controlo. É ganhar visão. É escolher conscientemente onde vamos colocar a nossa energia. É, acima de tudo, um convite: para confiar, para crescer e para transformar o que fazemos em algo maior do que nós próprios. É perceber que não precisamos de carregar tudo sozinhos para que o mundo avance.

E não se trata só de aliviar a nossa carga. É também um ato que abre caminho ao desenvolvimento do outro. Quando entregamos uma responsabilidade estamos a dar oportunidade para que alguém se desafie, evolua e vá mais longe. Não apenas permitir que se superem no presente, mas de criar condições para que se tornem melhores no futuro.

E é também neste processo que o erro tem de ter lugar. Errar faz parte, tanto para quem executa como para quem lidera. Quem delega precisa de aceitar que o caminho do crescimento é feito de tentativas, ajustes e aprendizagens. E quem recebe a responsabilidade precisa de sentir que pode falhar sem medo, sabendo que cada falha é um passo em direção à maturidade e à excelência.

Por isso, talvez esteja na hora de nos perguntarmos: estamos a viver ocupados ou a viver focados? Estamos a querer abraçar o mundo sozinhos ou a criar espaço para que outros também cresçam e nos ajudem a crescer?

A arte de delegar é, acima de tudo, a arte de acreditar no outro. E essa é a base de tudo o que verdadeiramente importa na vida. E muito para além do trabalho.

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