Por Inês Roseta, Professora de Yoga
O convite do yoga e da meditação é trazer-nos para o momento presente, para o momento que está acontecer agora mesmo.
Se existe felicidade, só pode estar presente agora. Se existe clareza da mente, só pode estar presente agora. Se existe iluminação ou esclarecimento, só pode estar presente agora.
O drama, a ansiedade e o stress acontecem quando vivemos a nossa vida toda à espera de alguma coisa, que nós achámos – ou que alguém nos disse – que quando acontecesse é que ia ser bom!
Quando tiveres aquela casa, quando tiveres aquele relacionamento, quando tiveres aquela quantia no banco, quando parares de trabalhar e te reformares ou fizeres aquela a viagem… Quando isso acontecer aí vais ser felizes!
É nesta espera infinita que damos espaço à ansiedade, para ir entrando na nossa mente e inevitavelmente no nosso corpo. E é também aqui que o momento presente nos foge por entre dos dedos das mãos.
Planeamos constantemente o “futuro” baseado em alguma experiência que já vivemos no “passado” … E o “presente”, o agora? Não lhe damos espaço para ser efetivamente vivido.
A ansiedade cria-se dentro deste vai e vem constante entre o passado e o futuro. Projetamos com todos os detalhes que determinada situação vai acontecer de uma seguinte forma e, na realidade, nada acontece exatamente como nós imaginámos. Aqui abrimos espaço à desilusão, à tristeza, à ansiedade e, em casos mais graves, à depressão.
O yoga e a meditação, pela consciência que ganhamos do nosso corpo e da nossa respiração, ajudam-nos a viver o agora. Ajudam-nos a perceber que não é possível controlar a natureza ou o universo. Que não é possível controlar os outros seres humanos à nossa volta e que a única coisa que podemos tentar controlar é a nós mesmos. Aquilo que sentimos dentro do nosso coração.
O yoga e a meditação criam esse espaço dentro de nós para recebermos com humildade, compaixão e amor tudo o que nos chega.
Como é que o yoga e a meditação contribuem para viver o exato momento presente? Ao executarmos as posturas temos que as sincronizar com a nossa respiração (vinyasa). Os nossos olhos devem dirigir-se para determinadas partes do nosso corpo durante a prática de yoga (dhristi), quer para favorecer o alinhamento da coluna vertebral quer para minimizar os focos de distração da nossa mente.
Na prática de meditação, ao sentar, fechar os olhos e observar a nossa respiração somos levados a olhar para dentro de nós próprios. A observar os nossos pensamentos, sem criar nenhuma história ou histórias acerca deles. Vamos gradualmente tendo mais consciência do nosso corpo como um todo, acalmando o nosso sistema nervoso.
O tapete de yoga ou a almofada para a meditação são como que um laboratório onde nos estudamos, compreendemos e integramos. Como em tudo é preciso tempo, paciência, dedicação e perseverança. A boa notícia é que acontece. Do laboratório vai saindo para a nossa vida, para as nossas relações, para o nosso dia a dia. Vale a pena praticar!
Texto – Prof. Inês Roseta: https://www.instagram.com/inesroseta.ashtangayoga/?hl=pt
Ilustração: https://www.instagram.com/bravemaryan/?hl=pt