Durante toda a nossa vida, leremos muitos livros. Livros que nos darão conhecimento específico. Livros que nos farão viver emoções de todo o tipo. Livros que nos mudarão a vida para sempre. Livros que nos guiarão por universos tão estranhos e belos, ao mesmo tempo.
Mas ficamos tão embrenhados em histórias, muitas vezes fictícias, que acabamos por nos esquecer da nossa. Nascemos com um livro em branco que, mal começamos a respirar pela primeira vez, começa a ser escrito.
Por mais coisas que tenhamos em comum, a história que construímos ao longo da vida é ímpar. Tal qual uma impressão digital, a nossa história é única e é através dela que nos tornamos especiais. Somos a história que, efetivamente, criamos. Seja de que forma for, estamos sempre em modo história.
O que sentiríamos se ao chegarmos ao final da vida nos fosse dada a hipótese de lermos a nossa história? Amor? Concretização? Arrependimento? Rancor? Ambicionaríamos voltar atrás? A história que decidimos alimentar é a história que viveremos. Com todos os capítulos e pontos finais a que temos direito.
Mesmo que não acreditemos em algo transcendental ou divino, o facto é que a nossa história depende, maioritariamente, de nós. Das nossas decisões, da nossa atitude, do nosso empenho em vivermos a vida que sonhamos. Se pretende uma história com final feliz, torne a sua história feliz.
Quando lemos um livro que não o nosso, este termina assim que chegarmos à última palavra da última página. Acabamos a leitura mas a vida continua. No entanto, com o livro da nossa vida isso não acontece. A nossa história só acaba quando morremos.
“Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa, todos os dias são meus.”
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia – Alberto Caeiro
O nosso livro não contém cenas de ficção. Tudo é real, mesmo que só aconteça na nossa imaginação. Tudo fica escrito no livro da nossa existência. Nada é deixado para trás.
Portanto, escolha a história que quer escrever e viva de acordo com isso. Você é quem tem a caneta na mão. Certamente haverá elementos que, aparentemente, pode não controlar. Contudo, pode controlar a sua perspetiva em relação a isso.
Não alimente a história que não quer, mas a que ambiciona que se realize.
O seu livro não tem número limite de páginas.
Aprenda a fechar capítulos e a iniciar outros.
Nada pode ser apagado, mas tudo por ter outra versão.
Seja sincero com o que escreve, pois o que escreve é sempre verdade.
Você vive o que escreve e escreve o que vive.
Por mais livros que possamos ler, o nosso livro será sempre o que terá maior impacto. Pois representa toda a vida vivida de acordo com a nossa perspetiva, as nossas ambições, a nossa aprendizagem e o nosso livre-arbítrio.
Assim, e em vez de lhe recomendar um ou dois livros para ler, vou sugerir-lhe que comece a escrever a sua história. Que pegue num caderno e que registe os seus momentos. Não poupe nas palavras nem nas emoções. Seja sincero(a), realista, visionário(a). Assuma o compromisso de viver a vida da mesma forma que a escreve.
Desejo-lhe momentos inspiradores.
Boas leituras.