Por Cristina Amaro e Alexandra Delgado Figueiredo
Num mundo onde predomina a produção em grande escala, começa a ser cada vez mais urgente contrariar as massas. Que é como quem diz optar por conceitos que valorizem o consumo consciente e sustentável. Estamos a falar do Slow Design. Surge por oposição ao estilo de vida consumista com o objetivo de promover o bem-estar da sociedade e da natureza.
A ideia, no fundo, é comprarmos apenas aquilo de que precisamos. Para tal, é preciso que as coisas sejam bem feitas, com rigor, o que pressupõe que a sua produção seja mais lenta. Este tipo de produção vai permitir que aquilo que compramos tenha uma qualidade superior e, consequentemente, tenha também uma durabilidade maior. Esta nova forma de produção, além de promover a consciência em relação ao excesso de consumo, também promove o trabalho dos artesãos e, consequentemente, da economia local.
A sustentabilidade é um assunto recorrente, mas é importante perceber que quando se fala deste assunto vai muito para além do meio ambiente e dos materiais. Está relacionado com o ser humano e com o futuro do planeta, onde se torna urgente consumir apenas o suficiente, de maneira a garantirmos a nossa sobrevivência num futuro mais próximo do que aquilo que imaginamos.
Se pensarmos que os objetos foram criados para nos facilitar e melhorar a vida e não para satisfazer os nossos caprichos já é meio caminho andado.
É preciso desconstruir a ideia de que o slow design (tal como o slow life) se trata apenas de um processo lento. Deve-se ter noção de que cada coisa tem o seu tempo e que é importante respeitar isso.
O Slow Design é uma vertente do Slow Movement, um movimento que defende um ritmo de vida menos acelerado por culpa das mudanças culturais e da sociedade.
É fundamental interiorizar essencialmente isto: cada ato nosso como, por exemplo, o simples ato de comprar uma blusa que ainda por cima está em desconto na loja, tem consequências que vão muito mais para além da carteira. Têm impacto no mundo em que vivemos e que um dia decidimos construir. O futuro está mais perto que nunca e quanto mais consciência tomarmos disso, mais o mundo evoluirá. E nós, que somos os culpados disso tudo, seremos os primeiros a agradecer essa mudança.
Este conceito encaixa que nem uma luva neste meu novo modo de vida. Por todos os motivos e mais alguns. Quem tem acompanhado a minha vida de perto ou até mesmo pelas redes sociais sabe que este meu interesse pelo lado mais “slow” da vida tem crescido bastante nos últimos tempos. Sobretudo, porque percebo que mais pessoas têm essa preocupação e essa consciência de que temos abrandar. De nos respeitar mais. A nós e ao nosso tempo.
E se aprendemos a respeitar o nosso tempo, por que razão não havemos de respeitar o processo de produção das coisas que compramos?