Por Cristina Amaro e Alexandra Delgado Figueiredo
Sermos profissionais completos vai muito para além do conhecimento na área em que trabalhamos. Os nossos comportamentos bem como das nossas características pessoais, na grande maioria dos casos, têm um peso muito forte nas tomadas de decisão, na forma como encaramos o trabalho, na forma como nos relacionamos com os nossos colegas, com os clientes…em tudo. Por isso, acho estranho quando me dizem que a vida profissional não se cruza com a vida pessoal e vice-versa. Acham mesmo possível isso acontecer?
Há certas coisas que se passam na nossa vida profissional que nos dão lições que podemos levar para a nossa vida pessoal. E o contrário também se verifica. Todas as nossas ações fazem parte daquilo que somos enquanto seres humanos. Por isso, torna-se impossível separar aquilo que somos no trabalho daquilo que somos na vida pessoal.
Obviamente que quem, por exemplo, lidera uma equipa tem de ter uma postura diferente daquela que tem em casa. No entanto, os valores têm de ser necessariamente diferentes? Parece-me que não.
Creio que não existe um segredo propriamente dito para sermos os melhores em ambos os momentos. Acho que é um conjunto de atitudes que devemos reter que nos diferenciam em qualquer que seja o momento. E os valores serão sempre a base de tudo o que temos e pretendemos construir. Em qualquer que seja o projeto, em qualquer que seja o momento.
Acredito que temos o poder de mudar muitas coisas. No entanto, há situações em que isso não é possível. Aprender a aceitar que o mundo nem sempre é o que queremos que seja é meio caminho andado. Muitas das vezes, permite-nos seguir em frente mais rapidamente, redefinindo novos caminhos a seguir. Com isto não quero dizer que nos devamos conformar com tudo o que nos rodeia. Simplesmente, há momentos em que aceitar não nos faz estagnar e leva-nos para outros lugares que podem ser tão ou mais interessantes.
Devemo-nos lembrar sempre de que a nossa responsabilidade enquanto seres humanos que somos é a de ajudar o próximo. Fazer a diferença na vida de alguém. Pequenos gestos podem fazer toda a diferença na vida das pessoas. Por isso, devemos aprender a estar todos os dias mais atentos ao outro. E ajudar a construir um mundo melhor pode começar a partir do momento em que ajudamos o nosso colega do lado. Não nos custa nada, na maior parte das vezes, e pode fazer toda a diferença na vida de alguém.
O contacto com o próximo é fundamental. Ter uma boa rede de contactos bem como ter abertura para conhecer o próximo pode ser determinante. Os melhores contactos e os melhores projetos surgem destes momentos de networking.
Sermos fiéis a nós mesmos e à nossa equipa é fundamental. Criar uma imagem que não corresponde à realidade pode ser muito mau para nós. Nem sempre é fácil mostrarmos o que somos, o que queremos e, sobretudo, as nossas fragilidades. Mas só quando somos autênticos conseguimos chegar ao outro. Sermos genuínos é mais simples do que parece.
Por fim, um ponto muito importante que muitas vezes é desvalorizado: adotar um estilo de vida equilibrado. Termos uma alimentação saudável e dormirmos bem ajuda em muito na nossa performance diária. O cansaço consome-nos. Desgasta-nos! Por isso, o descanso e a alimentação permitem que o nosso corpo, de um dia para o outro, se regenere e nos devolva a energia para encarar o dia seguinte. Não cumprir este “mandamento” pode levar-nos a caminhos com consequências bastante negativas e, muitas vezes, irreversíveis. E eu sei do que falo, acreditem…
Ainda na semana passada, por exemplo, durante a 2ª edição do Programa Intensivo de Desenvolvimento de Carreira, realizado pela Executiva, a especialista em Psicologia do Desporto e da Perfomance, Ana Bispo Ramires, referia isso mesmo: não é possível liderar bem quando não dormimos ou comemos bem. Quando não ouvimos o nosso corpo, quando não o respeitamos. Tudo está ligado. E eu sou a prova disso.
No fundo, tomarmos consciência de todos os nossos atos, de todos os nossos comportamentos e treiná-los no nosso dia a dia, consoante aquilo que queremos atingir, permite-nos construirmo-nos enquanto profissionais e enquanto pessoas. E se o soubermos fazer tudo de forma equilibrada seremos certamente excelentes profissionais e, mais importante que isso, excelentes seres humanos.