Antigamente, vivia-se num mundo diferente, principalmente porque era pouco desenvolvido tecnologicamente e tudo chegava de forma física, ou seja, num livro, num disco, num jornal. Quando se queria conhecer mais, ia-se a museus, pois nestes encontravam-se peças de todo o mundo, e conhecia-se assim algo vindo de culturas diferentes.
Hoje, vivemos numa época em que recebemos informação vinda de todos os lados, somos bombardeados por notícias falsas no Facebook, e por vídeos no YouTube que “explicam” como a Terra pode ser plana. Temos de ser críticos e de perceber o que é verdade, mesmo quando vivemos numa época em que estamos a poucos cliques de quase toda a informação de que necessitamos.
Porém, estamos também numa época em que temos acesso a filmes e a séries fantásticas, como Black Mirror, a série original da Netflix que cria possíveis cenários do futuro humano e faz realmente pensar para onde vamos, e ainda critica fortemente a sociedade; a álbuns que denunciam o uso abusivo da internet e as suas consequências, como A Brief Inquiry Into Online Relationships, dos The 1975. Basta-nos ir ao cinema para nos tornarmos mais cultos, ou até abrir uma aplicação onde testamos o nosso conhecimento e melhoramos as nossas capacidades mentais, é tão simples como abrir o Spotify.
Somos aquilo que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos, por isso devemos tentar sempre saber mais, conhecer mais, falar mais e ouvir ainda mais, ler mais, observar mais. Devemos ir a museus, certo, mas não só. Temos de passear pelo mundo fora, por mais cliché que pareça, apreciar a arquitetura de todas as casas que nos saltam a vista, tentar perceber porque é que Paris foi uma referência para o Marquês de Pombal, entender a dificuldade técnica da pala do Pavilhão de Portugal feita por Álvaro Siza Vieira e António Segadães Tavares. Podemos também falar com desconhecidos na rua, pois facilmente vão tornar-se conhecidos, sejam eles de que país forem, porque as melhores conversas que temos são aquelas com quem de nada sabemos, somos autênticos nessas conversas, não tentamos impressionar ninguém.
Apreciar as “coisas importantes e belas da existência”, como disse António Lobo Antunes, é viver neste mundo em que podemos escolher o que fazer e aprender com isso. E, por essa razão, sou apologista de que devemos ouvir e ler tudo o que conseguirmos, pois só assim vamos crescer e conhecer mais.
Poder ir a um museu e aprender é ótimo, mas se o museu não te cativar, mais vale ires ter uma conversa com os teus amigos, ver um filme com a/o tua/teu namorada/o, ou ouvir boa música enquanto corres. Porque o melhor museu que nós temos é a vida, pois vivemos neste museu vivo, em constante mudança, em constante evolução, e se não o aproveitarmos agora, nunca vamos aproveitá-lo, pois nunca vamos dar-lhe o devido valor, nunca vamos perceber o quão importante a vida é, mas isso fica para outro texto, pois esse tema merece muito mais do que uma frase.