Joana Nobre, fundadora Crème de la Crème
Não somos obrigados a saber, mas convém: no que diz respeito aos cosméticos, a ordem também importa. E há alguns erros que podem mesmo comprometer a eficácia dos cosméticos.
O que vem primeiro? O sérum ou o contorno de olhos? O protetor solar ou a base de maquilhagem? Estas são as dúvidas mais frequentes, mas a resposta é simples e a lógica ajuda a compreendê-la.
Reconheço que para muitas pessoas a tarefa parece hercúlea. Afinal de contas, não somos obrigados a gostar de aplicar cosméticos. Contudo, deixo desde já uma mensagem muito importante em modo “mantra”: o cuidado com a pele é fundamental para o nosso bem-estar físico e mental, e a consistência é a palavra de ordem para alcançarmos resultados e conseguirmos os nossos objetivos. Cuidar da pele é um momento pessoal, sensorial. Todo o investimento que fizermos ao longo da vida, fará diferença na prevenção do envelhecimento e, até, de algumas patologias. Mentalizados?
Não faz sentido colocarmos o que quer que seja sem limpar muito bem a pele, mesmo que não usemos maquilhagem. Esta etapa é essencial porque liberta a pele da sujidade: poluição, poeiras, maquilhagem, mas também do excesso de sebo, de suor e de células mortas que produzimos naturalmente. A limpeza da pele deverá ser feita de manhã e à noite. Cuidado com o excesso de limpeza, com cosméticos e/ou gadgets, que não faz bem à pele! Podemos e devemos escolher um produto que se adapte às nossas preferências, independentemente do nosso tipo de pele. Se gostamos de passar o rosto por água, escolhemos um produto com enxaguamento. Se preferirmos não o fazer, escolhemos um leite ou uma água micelar. O tónico não é indispensável: usamos se quisermos, mas o meu conselho será que o usem quando não passam o rosto por água.
Depois da limpeza, o contorno de olhos será o que vamos aplicar, garantindo assim que as nossas mãos estão limpas e que não contêm vestígios de nenhum outro cosmético. Alguém disse um dia que aplicar o contorno de olhos depois do sérum ou do hidratante, seria como vestir as cuecas por cima das calças. Eu concordo!
Nem sempre precisamos de um sérum, mas se o quisermos usar, será a nossa terceira etapa do ritual. Por norma, os séruns têm texturas muito leves, fluidas e pouco viscosas, que penetram bastante bem na pele. Devemos escolher o sérum adaptado às necessidades da nossa pele. Exceto nas peles oleosas, que com um simples sérum podem sentir-se confortáveis, não é suposto serem usados sem cremes. Dica importante: se o sérum vier acondicionado num frasco com pipeta, nãotoquem com a pipeta diretamente no rosto. Este é um erro comum, tantas vezes visualizado na publicidade.
Alguns cremes são de aplicação bidiária, outros não (cuidado com os cremes que já contêm proteção solar. Estes não devem ser usados à noite). Seja qual for o nosso creme, devemos aplicá-lo depois do sérum (memorizem: do produto menos viscoso para o mais viscoso). Os cremes de rosto devem ser escolhidos em função do nosso tipo de pele e aplicados numa quantidade equivalente a uma avelã, com movimentos alisadores no sentido de contrariar a ação da gravidade. Os cremes de rosto podem ser aplicados no pescoço, aqui com movimentos laterais ascendentes: como se formássemos as asas de uma borboleta (para um pescoço de girafa!).
Terminamos o nosso ritual matinal com a etapa da proteção solar que, depois da limpeza, será a mais importante. Escolher um protetor que se adapte ao nosso tipo de pele é crucial para que sintamos conforto. A quantidade a aplicar também importa: o correto será o equivalente ao comprimento de três dedos da mão para a área do rosto, das orelhas e do pescoço. Menos que isto, não.
A maquilhagem pode ser importante para algumas pessoas: se quisermos aplicar alguma base, esta virá depois da proteção solar. Por vezes o produto esfarela,dependendo da fórmula. A minha recomendação seria que deixássemos alguns minutos entre a aplicação do protetor e da base, e que evitássemos friccionar demasiado a pele. No que diz respeito à aplicação dos cosméticos, a massagem suave e delicada é sempre a melhor opção.
Acredito que, como em quase tudo na vida, o essencial é suficiente. E, quanto mais simples e leve for esta logística, maior será a probabilidade de a repetirmos com prazer. Para os mais temerosos, posso assegurar que primeiro estranha-se, mas depois entranha-se.