Vai um roteiro pelos lagos do norte de Itália?
Já há muito tempo que desejava conhecer os lagos do norte de Itália. Sempre que vou a Milão é em trabalho e sem tempo para estar, para sentir, como tanto gosto de fazer quando viajo. Por isso esta viagem, desta vez a lazer, me soube tão bem. Foi curta, mas venho de alma cheia com tanta beleza.
Nestes feriados de Junho, eu e o meu marido, optámos pela região da Lombardia e escolhemos três lagos bem perto da fronteira com a Suíça que dificilmente se descrevem de tanta beleza que guardam: o famoso Lago do Como, onde o ator George Clooney tem uma mansão, o igualmente arrebatador Maggiori (para mim o mais bonito) e o Iseo. Posso dizer-lhe que ao vivo e a cores são ainda mais lindos!
Se está a pensar ir a Itália nos próximos tempos deixo algumas notas de recomendação que não são mais do que as minhas experiências. Com uma garantia: vai amar!
Ida para Milão em viagem low cost é a melhor opção. Afinal é um voo que dura menos de 3 horas e assim guarda uns trocos para investir no local. Leve uma mala de cabine e uma mochila às costas para evitar filas e tempos de espera na ida e regresso, entre no espírito da viagem e deixe-se ir…
Alugar um carro para explorar o território ao nosso ritmo foi a melhor escolha. Fizemos tudo o que nos apeteceu, quando nos apeteceu e deu-nos liberdade total. Planeamos toda a viagem a partir de Lisboa e quando chegámos a Milão foi só levantar o carro e seguir viagem.
Primeira paragem: Lago Maggiori. O que não conhecia de todo e o que mais me apaixonou pelas paisagens. A descida pela estrada nacional é de cortar a respiração. Fomos diretos para Stresa e parecia que estávamos a entrar num filme romântico dos anos 50. Não é à toa que os lagos alpinos conquistam tantos atores de cinema.
Visitámos as 3 ilhas de Stresa num passeio de barco comprado à saída do parque de estacionamento, onde parqueámos o carro por umas horas. Foi uma ida e volta, com pausa para almoçar num restaurante à beira lago na Ilha dos Pescadores e uma experiência que valeu pelas paisagens e pela arquitetura local, mais do que pela comida que é muito virada para turista para meu gosto, mas que não estava propriamente má. Esperava mais, mas o resto superou essa parte. E o resto foi mesmo a beleza de cada uma das ilhas e o passeio de barco que é em si um charme. Deixo uma dica importante: se escolher esta possibilidade fixe bem o local onde para o seu barco porque no regresso, entre tantos operadores, é fácil não encontrar o seu porto de embarque. Não prima pela sinalética, mas vale a pena o passeio.
Em 3 ou 4 horas fica a conhecer as ilhas românticas: Ilha Bella, Ilha dei Pescatori e Ilha Madre. Todas elas repletas de uma vegetação verde e luxuriante. Vale a pena passear sem tempo marcado pelas ruas e ruelas destas vilinhas, ouvir o cantarolar dos italianos (que eu adoro) e estar. Simplesmente estar. Sente-se por uns minutos num banquinho à sombra e aproveite o som dos passarinhos enquanto admira a beleza das montanhas que rodeiam o lago. É arrebatador.
Nesse dia, e como os Lagos Maggiori e Como são próximos um do outro e a menos de 1 hora de Milão, ainda tivemos tempo para ir a Tremezzo de propósito para comer um gelado. Uma amiga recomendou a La Fabbrica Del Gelato por serem os melhores de Itália, diz ela – e agora digo eu também! Perdi a cabeça por estes dias e comi vários (a minha nutricionista que não leia isto!) e garanto que nenhum outro foi melhor. Um home made ice creamcheio de cor e sabor que se encontra numa pracinha central, mesmo junto ao lago do Como.
Tremezzo fica já no Lago do Como e é, asseguro-vos, absolutamente maravilhoso. Entre tantos vilarejos charmosos que se encontram junto aos lagos, Tremezzo foi um dos que mais gostei. É tudo bonito. As ruas, as casas de telhados vermelhos e arquitetura típica da região da Lombardia, as montras do comércio local e, claro, as vistas para o lago. De onde quer que se olhe.
Foi dessa zona que viajámos depois por Ferry para Bellagio e, de seguida, para a aldeia de Pallanzo, uma localidade que parou no tempo e que nos permite acordar em plena floresta. Essa manhã fez-me viajar no tempo e voltar à Tailândia onde acordei na ilha do hotel Soneva Kiri com tantos sons de pássaros diferentes que por momentos pensei estar com um CD em modo despertar no quarto.
A esta localidade de Itália não se chega com facilidade já que as estradas são apertadas e sinuosas, mas a experiência de estar em pleno século XXI num sítio que parece de há dois séculos atrás vale muito a pena. Fomos dormir a uma casa de turismo local situado numa rua onde o nosso carro nem sequer podia entrar, mas comemos a melhor carne de Itália. Cà Piodèe é o nome para quem tiver interesse nesta aventura.
Não deixem de subir ao ponto mais alto da aldeia no final do dia para fotografar o Lago do Como ao entardecer. Um dos muitos miradouros que podemos escolher. O lago é majestoso. Seja de que ponto for. Em Pollanzo recomendo um passeio pelas ruelas da aldeia ao cair da noite e um olhar especial pela arquitetura local. Vale mesmo a pena.
A cidade de Como é, para mim, confusa devido ao enorme fluxo de turistas. Confesso que não fiquei fã. Os jardins são bonitos, o centro da cidade, bem perto do lago vale a pena, mas não foi o que mais me encantou. O calor também não ajudava, é certo, mas ainda assim passeámos junto à marina num jardim bem simpático onde os turistas aproveitam para apanhar sol nos relvados próximos da água.
Fiquei mais fascinada pela cidade de Iseo, a que dá nome ao Lago. E nesta fiquei tão entregue aquela vida descontraída que nem me fixei nas milhares de fotos que ela merecia que lhe tirasse. A cidade vive paredes meias com o lago, que lhe dá nome, e o fim de dia ali é simplesmente arrebatador. Pelo silêncio, pela paz, pela beleza das cores, pela diversidade de restaurantes, bares, gelatarias, passadiços de madeira que nos permitem percorrer o beira-lago numa enorme distância e pelas inúmeras obras de arte que se espalham ao longo da estrada marginal. Uma beleza este lugar. E sabem que mais? Foi aqui que comi a melhor pizza da minha vida. Se tiverem interesse procurem o restaurante Leo D´Oro. É fabuloso!
Iseo foi mesmo o meu ponto preferido da viagem. Andar de bicicleta por lá é seguro e como a cidade é plana torna-se muito tranquilo. Para os que adoram, como eu, aconselho vivamente. Nós ficámos no hotel Arabe Fenice, e se quiserem uma experiência de jantar à beira-lago num lugar romântico a preços aceitáveis, também vos posso recomendar.
Resumindo, os três lagos: Maggiori, Como e Iseo conquistaram os nossos corações e valem muito a pena. Se estiver a pensar ir a Itália neste verão aproveite porque são mesmo de explorar.
Para os que gostam de subir uns quilómetros, o meu marido recomenda o Monte Isola, no lago Iseo. Eu confesso que os 32 graus não me convidaram a tal aventura, mas para os mais resistentes é sempre uma opção. Vi várias pessoas a voltarem dessa caminhada com ar cansado mas feliz, a arrastarem os pézinhos e com belas rosáceas no rosto. Eu preferi ficar cá por baixo a ver a vida local. Não me vou esquecer desta ilha pela mais repentina mudança de tempo a que assisti: em duas horas, a temperatura desceu de 32 para 21 graus e em poucos minutos a trovoada “fechou” a aldeia. Fica a memória…
No regresso, pausa para conhecer Bergamo. E que cidade! Prima pela arquitetura, que vale a pena apreciar, sem deixar de explorar a Città Alta, como chamam ao bairro mais antigo e elevada sobre a zona mais moderna. Nós optámos por dormir lá para sentir de perto a vida local que se faz entre muralhas e ruas calcetadas em pedra redonda que nos permite mesmo fazer uma viagem no tempo. A experiência vale muito a pena e descer pelo funicular á Città Bassa para passear pelas largas avenidas também. Foi uma curta passagem, já a regressar a Milão. Um passeio que vale a pena pela rica arquitetura medieval, barroca e renascentista aliada às lojas cheias de encanto e ruelas de pedra. Bergamo respira paz e tranquilidade e isso hoje sabe ainda melhor.
Roteiro partilhado e sem patrocínios. Optei por escrever estas linhas em resposta às inúmeras mensagens que fui recebendo ao longo da viagem a pedir sugestões. São, por isso, as minhas mais puras percepções e algumas delas nem com as melhores imagens dos locais. Afinal não era esse o meu propósito e estava mesmo num registo de me deixar ir. Ainda assim, aqui ficam para quem delas precisar.
Boas viagens e inspire-se aqui noutros textos.