Quem me conhece sabe que não paro. Está-me no sangue. Diria até … está-me na alma.
Acordo com ideias. E adormeço exatamente da mesma forma. Quando somos apaixonados por aquilo que fazemos normalmente costuma dar nisto. É bom… mas – e como em tudo na vida – é importante saber dosear a coisa. E o equilíbrio nem sempre é fácil encontrar. Sobretudo nestes casos em que é a paixão que nos move.
Há pouco tempo apanhei um susto. Daqueles bem grandes. Que finalmente – e no fim de tantos colegas, amigos e médicos me terem avisado – me fez parar. O mais engraçado é que é nestas alturas em que é a vida nos diz “chega” que percebemos que afinal há mesmo tempo para tudo, inclusive para parar. Ainda para mais quando o assunto é a saúde.
Não deu mesmo para fintar esta paragem. Foi brusca. Intensa. Acima de tudo, necessária. Eu precisava deste susto. Conhecendo-me como conheço, não havia outra forma de eu assimilar a ideia de que tinha de parar.
Graças a Deus e às pessoas que me rodeiam ficou tudo bem. Renasci. Não sabia que era possível renascer aos 49 anos. Isto é só mais uma vez a vida a mostrar-me que não posso controlar sempre tudo.
Depois deste abanão, comecei a procurar cada vez mais textos, pessoas, livros, estudos que me ajudassem nesta nova fase da minha vida, desta vez em modo slow. Encontrei este estudo que encaixa na perfeição – “Quem abranda tende a ser mais feliz”. Ora vejam!
Só o título diz tudo. Mas o estudo diz mais ainda. Sabiam que metade da população quer abrandar o seu estilo de vida? Eu não.
O Esporão desafiou a Universidade Católica Portuguesa a realizar um estudo sobre um estilo de vida mais tranquilo em Portugal. O objetivo é um: promover o debate na sociedade sobre a necessidade de abrandar nos dias de hoje. A conclusão é uma: a do título.
Os resultados do estudo foram divulgados pelo Professor Ricardo Ferreira Reis, Director do Centro de Estudos Aplicados da Católica Lisbon School of Bussiness & Economic, numa conferência no CCB. Falou-se acerca da importância de abrandar, ir devagar – “Devagar significa fazer tudo na velocidade correta: rápido, lento ou qualquer que seja o ritmo que funcione melhor. Devagar significa estar presente, vivendo cada momento plenamente, colocando qualidade antes da quantidade em tudo o que fazemos”.
Este estudo permitiu concluir que 82.2% dos portugueses, dos 60% que não adotam um estilo de vida calmo, deseja fazê-lo. Aqueles que têm um estilo de vida calmo passam mais tempo fora do trabalho, fazem mais atividades no exterior e conseguem fazer uma melhor gestão do tempo, apresentando níveis de foco mais elevados.
O estudo revela ainda que ter mais tempo para nós e para os nossos e gerir bem os afazeres e o nosso tempo contribuem para o nosso bem-estar geral. Mais: os jovens entre os 25 e os 34 ano de idade são os que mais dificuldade têm em adotar um estilo de vida calmo. Ainda assim, os números mostram também que 47.9% desses inquiridos dizem ter alterado o seu estilo de vida, nos últimos 5 anos.
Antes que a vida vos obrigue a parar parem vocês. A paragem assim pode ser menos brusca.
O Esporão acredita que “devagar é melhor”. E eu hoje, mais do que nunca, sublinho esta forma de viver.