Alergia alimentar e intolerância alimentar são dois problemas distintos. Saiba o que os distingue.
O que é a alergia alimentar?
É uma reação adversa que ocorre quando o sistema imunológico reconhece um alimento como uma entidade agressora ao organismo. A fração do alimento que é responsável pela reação alérgica denomina-se alergénio. Estas reações podem ter manifestações cutâneas (pele e mucosas), gastrointestinais, respiratórias e cardiovasculares, podendo em algumas situações ser fatais.
As alergias ao leite de vaca, ao ovo, ao trigo, aos frutos oleaginosos e ao marisco são algumas das mais frequentes.
A base do tratamento após a confirmação de alergia alimentar é a evicção dos alimentos em questão, isto é, a exclusão de todos os alimentos responsáveis pela reação, como também daqueles que poderão conter o alergénio na sua composição. Nestes casos, a leitura e interpretação correta dos rótulos dos produtos alimentares é crucial para identificar possíveis alergénios.
Neste tipo de reações é importante evitar práticas de risco, sobretudo no que diz respeito à contaminação cruzada. Esta contaminação ocorre quando dois alimentos diferentes entram em contacto e o alimento considerado “seguro” passa a conter uma pequena quantidade do alimento alergénico, tornando-se assim perigoso para o indivíduo com alergia alimentar. Este contacto entre os alimentos pode ser direto (lado a lado) ou indireto (através dos utensílios, equipamentos ou até mesmo das mãos).
Existem medidas e cuidados simples que devem ser adotados na preparação de alimentos/refeições para prevenir a contaminação cruzada:
- Lavar as mãos entre as várias etapas de manipulação de alimentos;
- Não utilizar os mesmos utensílios durante a preparação, confeção, empratamento e distribuição de refeições (talheres, tábuas de corte, pratos, travessas, panelas);
- Não utilizar a mesma água de cozedura e óleo de fritura para alimentos diferentes;
- Não utilizar as mesmas bancadas ou superfícies de contacto para a manipulação de alimentos;
- Durante as refeições, os indivíduos com alergia alimentar devem evitar o contacto direto com alimentos potencialmente alergénicos e não devem partilhar utensílios (talheres, pratos, copos, guardanapos).
É essencial garantir que as necessidades energéticas e nutricionais de indivíduos com alergia alimentar não ficam comprometidas como consequência da evicção alimentar. Além disso, a exclusão total de alguns alimentos pode gerar ansiedade nestes indivíduos, familiares e amigos e é frequente limitarem as suas atividades sociais relacionadas com a alimentação. Estes indivíduos tendem a evitar fazer refeições fora de casa pelo medo de uma exposição acidental, o que representa um grande impacto na redução da qualidade de vida. Por este motivo, todos os estabelecimentos de restauração devem ter conhecimento e boas práticas no que diz respeito a este tema.
O que é a intolerância alimentar?
É uma reação adversa, reprodutível, que ocorre após a exposição a um determinado alimento mas que não envolve o sistema imunológico. Está relacionada, por exemplo, com a digestão dos alimentos. Neste caso, os sintomas são, maioritariamente, a nível gastrointestinal.
A intolerância à lactose (açúcar naturalmente presente no leite) é uma das mais comuns. Esta caracteriza-se pelo défice parcial ou total de lactase (enzima necessária para digerir a lactose) e resulta numa incapacidade do organismo em digerir a lactose. Nesta situação, sintomas como desconforto abdominal e diarreia são frequentes.
Estas reações podem ser assintomáticas (sem manifestação de sintomas). O alimento em causa é retirado da dieta e, posteriormente, pode ser reintroduzido em pequenas quantidades para verificar se os sintomas voltam a aparecer.