Por Cristina Amaro
Rumei ao Alentejo para descansar. Para me reencontrar fugindo do barulho da cidade, do excesso de trabalho e de tanta confusão que enche os nossos dias. Rumei ao Alentejo, já com cores e cheiros de primavera para ouvir o silêncio e deixar entrar o que ele me dá. As planícies alentejanas têm em mim esse dom.
Refugiei-me uma semana no Craveiral. Uma charmosa Farm House onde nós pertencemos e ela nos pôde pertencer a nós por uns dias, como quando o Pedro Franca Pinto, dono da propriedade, sonhou quando adquiriu os 9 hectares de terreno e neles fez erguer um verdadeiro refúgio.
Entre a serra e o mar, a uma meia hora da Barragem de Santa Clara e a igual tempo das praias da Amália e da Zambujeira do Mar, o Craveiral vale a pena explorar pela sua integração na natureza. E sim, por lá ela está intacta e faz parte do próprio conceito. As ervas podem continuar a ser ervas e têm uma razão de ser. As culturas hortícolas estão lá para os hóspedes as colherem e não só para o Chef Alexandre Silva as ir buscar para salpicar as delícias que faz no forno ou no fogão.
A partilha está no ADN do hotel e dessa partilha nascem seguramente amizades entre adultos e crianças que convivem facilmente entre as casas vizinhas, as bicicletas, as experiências de alimentar os animais ou as piscinas e lareiras exteriores que pedem um convívio de amigos ou familiares.
É bom fugir de Lisboa para lá ficar uns dias. E há mesmo quem esteja semanas seguidas para evitar as máscaras nas saídas e entradas dos prédios das grandes cidades, convidando a um confinamento muito mais saudável. As novas tecnologias assim o permitem. A prova de que nem tudo é mau nestes tempos desafiantes.
O Craveiral é um sítio bom para estar e marca-nos. Deixa-nos saudades daquela tranquilidade, dos cheiros, dos passeios pelo campo, dos autênticos concertos que unem na mesma orquestra o chilrear dos pássaros, os coaxos das rãs ou o sussurrar dos burros. É um regresso à infância das aldeias, mas com a sofisticação contemporânea.
Como fui para o Carvalhal para descansar não vesti a pele de David Atenborough para retratar e fotografar toda a experiência (coisa que confesso adorar fazer), mas o que é certo é que este destino de natureza fez desabrochar a minha primavera interior e deu-me vontade de escrever pelo que vos convido a entrar no site para melhor conhecerem o lugar.
As que partilho aqui, algumas tiradas por mim, são apenas para meu registo. Por isso desculpem o lado mais amador. É, no entanto, um genuíno e sem filtro registo da minha visita. Aquilo que vocês podem mesmo encontrar, se lá forem por estes dias de mudança de estação é o que está aqui.
Este é um lugar imperdível do meu Portugal que deixa marca e que ajuda a posicionar a marca Portugal. Um lugar que já é uma referência, apesar de tão recente e tão pouco comunicado. É, contudo, a comunicação orgânica que o está a fazer crescer. O boca-a-boca, o amigo que traz um amigo, a partilha das experiências nas redes sociais e, seguramente, também a força do editorial que lhe dá reputação. E com experiências boas todos aconselham e todos lá querem voltar.
Eu fui para encontrar no silêncio o meu silêncio interior. E não só regressei mais descansada e feliz como muito mais inspirada. Tanto que vieram novas ideias na mala.
Há neste nosso Portugal tanta marca para conhecer e tanto que existe que deixa marca em cada um de nós e na nossa economia. O Craveiral é uma das muitas que vale a pena conhecer e onde apetece ficar.
Hei-de voltar lá. Seja para reencontrar o silêncio ou para levar as pessoas do meu coração. Mas uma coisa é certa: é impossível não regressar a este lugar!