Cristina Amaro
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Os maiores e piores mitos sobre proteção solar

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A vida

Os maiores e piores mitos sobre proteção solar

Os maiores e piores mitos sobre proteção solar

Joana Nobre, fundadora Crème de la Crème

Os cosméticos não tratam doenças, mas no que respeita aos protetores solares, eles podem mesmo salvar vidas. O cancro cutâneo está a aumentar apesar de ser dos mais preveníveis. Contudo, esta mensagem parece não assustar suficientemente quem a lê e há muito mais empatia quando falamos em fotoenvelhecimento. Não seja por isso, o sol envelhece-nos todos os dias, causando rugas, manchas castanhas e, até, flacidez. E agrava doenças como melasma ou rosácea. 

Estar bronzeado continua, no entanto, a estar “na moda” e não vou ser eu a conseguir mudar este paradigma que devemos a Coco Chanel (conto a história um dia destes), mas, felizmente, no Google Trends palavras como “solário” veem as suas buscas diminuírem significativamente, enquanto as procuras por “autobronzeador” continuam a aumentar, o que é ótimo sinal. De facto, se queremos escurecer o tom natural da nossa pele, os autobronzeadores são mesmo uma ótima opção porque são seguros e garantem, cada vez mais, um efeito natural… nada temam!

A nossa pele não é um acessório que podemos mudar quando nos apetece; a nossa pele estará connosco para sempre e os danos causados pelo sol são mesmo cumulativos. Quando falamos de proteção solar, há ainda alguns mitos que importa esclarecer e todas as ocasiões são boas para o fazer. Se está deitado na toalha, ou vai estar nos próximos dias, este texto é para si. 

Os protetores solares reduzem a produção de vitamina D.

Não serve de desculpa. É mentira! A radiação solar tem um papel importante na síntese de vitamina D, através dos raios UVB, mas bastam alguns minutos de exposição por dia para assegurarmos a sua síntese (cerca de 5 no verão e 15 no inverno). O protetor solar não nos cobre nem filtra a radiação totalmente e, por isso, podemos concluir que o uso de protetor solar não vai interferir de forma significativa na síntese da vitamina D. 

Se usar um FPS 50+ posso estar mais tempo ao sol.

Um índice mais alto significa que demoramos mais tempo a atingir a queimadura solar, no entanto, isso não significa que podemos expor a pele mais tempo ao sol. Seja qual for o Fator de Proteção Solar (FPS), a reaplicação do protetor deve ser feita de duas em duas horas e, mais frequentemente, se nos molharmos ou transpirarmos muito. Protetores solares resistentes à água, também devem ser reaplicados depois da imersão.

Sobrepor produtos com vários FPS confere maior proteção. 

O FPS dos produtos não é cumulativo, por isso, considera-se apenas o FPS mais elevado.

Pessoas com pele morena não precisam de tanto protetor solar. 

Pessoas com pele morena também podem ter cancro de pele e, independentemente do fototipo, a exposição à radiação UV causa danos permanentes na pele. Claro que uma pele muito clara é mais vulnerável ao sol (terá uma proteção natural equivalente a um creme com FPS de 3) enquanto que uma pele morena será mais resistente (cerca de 15), mas, ainda assim, reforço que a fotoproteção não é cumulativa, ou seja, o bronzeado não faz como que devamos reduzir o FPS do nosso protetor, que deverá ser sempre superior a 30. Importa também dizer que não existe bronzeado saudável. Todo o bronzeado é sinónimo de dano cutâneo. A pele escurece como forma de proteger o ADN no núcleo das células dos raios UV. Se está morena é porque o dano já foi feito. 

Os filtros solares penetram na pele e causam toxicidade.

Os ingredientes usados nos cosméticos são seguros nas condições de utilização previstas na lei e, mesmo que possa haver alguma penetração de alguns filtros solares na nossa corrente sanguínea, isso não significa que haja toxicidade. Mas, e se forem nanopartículas? O tamanho nano das partículas, usado nos filtros físicos como o dióxido de titânio ou o óxido de zinco, melhora a cosmeticidade dos produtos, evitando o efeito branco característico de alguns protetores minerais. Isto é muito importante quando falamos de fototipos mais elevados, principalmente. As partículas de tamanho nano não são permitidas em produtos passíveis de serem inalados, por isso, apenas encontraremos nas emulsões de rosto, corpo ou olhos. Por lei, a sua presença deve ser realçada, precisamente com a palavra nano em frente ao nome do ingrediente na fórmula, e são seguros e muito agradáveis, à luz da ciência atual.  

A acne melhora com o sol.

A melhoria que se sente com a exposição solar é de curta duração. Na verdade, a exposição solar tem vários efeitos negativos na pele acneica. Estes mecanismos funcionam de tal forma que agravam a acne a posteriori. O sol é imunossupressor e causa espessamento da camada córnea sendo mais difícil eliminar as células mortas o que causa obstrução dos poros, pontos negros e microquisto com risco potencial de infeção. A transpiração e o calor do verão também não ajudam porque formam um ambiente favorável à proliferação das bactérias associadas à acne. 

Os protetores solares fazem mal aos corais.

Não são todos os filtros que estão envoltos nesta polémica e, apesar de tudo, não há ainda nenhum estudo científico que valide esta afirmação. São vários os fatores que levam ao branqueamento dos corais: bactérias ou vírus, poluentes, mas, principalmente, o aumento da temperatura da água do mar decorrente das alterações climáticas. Daqui resulta também outro fator importante, a acidificação dos oceanos (pela acumulação de CO2). Junta-se ainda a pesca insustentável, as atividades recreativas e a poluição terrestre de forma geral (herbicidas, fertilizantes, lixo…). Preocuparmo-nos com o uso de protetores solares em relação aos corais é o mesmo que estarmos preocupados a organizar as cadeiras no Titanic com o navio a afundar-se.

A roupa branca é a ideal para a praia.

A roupa escura ou de cores brilhantes é a ideal porque não permitem que tanta radiação atinja a pele. O branco vai ser mais fresco, deixa passar a radiação. O tipo de tecido também influencia: os tecidos sintéticos protegem mais que os naturais (nylon, lycra e polyester) por terem malha apertada e menos porosa, da mesma forma que uma roupa molhada protege menos que uma seca. A prova de que a roupa nos protege, é a marca dos calções, bikini ou fato-de-banho com que ficamos após a exposição solar.  Espero que no futuro todas as roupas comuniquem o seu índice de fotoproteção. Os óculos de sol são também muito importantes e devem ser usados diariamente, assim como os chapéus de abas largas com uma ação fantástica de proteção das orelhas. Já que falo nas orelhas, tantas vezes esquecidas, convém lembrar também os pés. 

O sol é indispensável à nossa sobrevivência e tem inúmeras funções importantes no nosso organismo, com impacto positivo na tensão arterial, no ritmo circadiano e na nossa saúde mental, portanto, use e abuse do seu protetor solar e aproveite o sol em segurança. Boas férias! 

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