Cristina Amaro
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O tempo (ou a falta dele)

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As pessoas

O tempo (ou a falta dele)

O tempo (ou a falta dele)
Alexandra Delgado Figueiredo
Por Alexandra Delgado Figueiredo, communication manager da The Empower Brands House

Tempo. Essa coisa rara dos dias de hoje. Que nos falta, que nos cria ansiedade, que nos magoa – a nós e aos outros -, que nos faz ser pessoas menos presentes e cada vez mais comprometidas com tudo e com todos. Tempo, há quanto tempo não nos dás um descanso? Queremos abrandar, mas está difícil nos dares tréguas.

Somos livres. Lutámos durante tanto tempo por essa liberdade. Agora, para mal dos nossos pecados, no fim de termos a liberdade não temos a oportunidade de sermos livres. Porquê? Porque não temos tempo. Para nada. Para ninguém. Quão contraditório isto é?

Lutamos por uma carreira profissional que nos dê alguma estabilidade financeira e, consequentemente, também emocional. Quando a conquistamos, perdemos o nosso bem mais precioso: o tempo. E esse não se conquista. Tem-se. Ponto.

De que vale termos dinheiro se não temos tempo ou com quem o gastar? De que vale termos uma vida profissional cheia e plena se a emocional não consegue acompanhar esse ritmo? De que vale querermos sempre mais e melhor se não conseguimos acompanhar esse ritmo alucinante de “ser-o-melhor-em-tudo-na-vida”? Não dá para sermos os melhores em tudo. Não dá para estarmos, a todo o tempo, em todas as frentes. Dá para sermos aquilo que de melhor temos para ser em cada momento. Se temos apenas uma hora para estar com nossos os pais, filhos, tios, avós, primos, amigos que esse tempo seja o melhor de todos. E não seja passado a olhar para o relógio a pensar nas outras coisas que temos para fazer nas horas seguintes. A qualidade é o que verdadeiramente importa. Ainda para mais quando falamos dos nossos.

Quero acreditar que isto tem solução. Aprender a abdicar é importante. Fazermos o exercício de perceber o que é prioritário e o que é urgente também. E urgente são os nossos. Sempre. Porque quando tudo o resto desaba é lá que voltamos. Sempre lá. E é essa segurança que nos faz arriscar e deixá-los para trás tantas outras vezes. Porque sabemos que quando voltamos estão lá. De braços e coração abertos. Como sempre estiveram. Até quando nós não estivemos lá para eles.

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