Cristina Amaro
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O emergir do líder empático

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O emergir do líder empático

O emergir do líder empático

Por Cristina Amaro

“É o amor que nos inspira. Que nos liberta. Que nos dá segurança.”

São palavras que encontra no meu livro e que eu diria serem irrefutáveis, mas, infelizmente, nem para todos têm o mesmo significado. Insistindo no seu valor pergunto: se ele, o amor, é incontestável na nossa vida pessoal, porque não o é também na profissional? Está na hora de quebrar tabus, de acabar com preconceitos e de olhar para a palavra amor de outra forma no mundo das empresas. Mais: é tempo de o trazer para o trabalho como aliado e de o sentar à mesa das negociações, de uma vez por todas. 

Posso garantir-lhe que, na minha experiência profissional, tem sido o amor que tem feito a diferença. Nos bons e nos maus momentos. E por isso, não tenho nenhum pudor em falar dele com orgulho e de me autointitular uma Chief Love Officer.  

Acredito que uma nova forma de liderança, baseada no escutar do coração, é crucial para as empresas. Não só porque, cada vez mais, as pessoas necessitam resgatar a sua humanidade, mas também porque qualquer que seja o plano que uma empresa trace não o pode fazer apenas com régua e esquadro. Há coisas que, por mais que se tente, não dependem da aritmética. Dependem dos sentimentos e das emoções. As empresas são organismos vivos. É igualmente irrefutável existir inspiração, liberdade e segurança dentro delas. 

Uma empresa vive do amor que se gera em torno de um negócio. Interna e externamente. As regalias salariais que possam existir, embora importantes, não substituem a paz interior tão fundamental a todos os trabalhadores. O resultado do trabalho que as equipas produzem – com a influência desse amor ao que fazem e do bem-estar por serem tratadas com amor – é sentido pelos clientes de forma especial. E isso, no fim do dia, traduz-se em felicidade! Das equipas e dos clientes. Logo, também da gestão de topo das empresas. Vão dizer-me o contrário?

O emergir deste novo líder exige, naturalmente, características bem humanas e ao alcance de quem as quiser desenvolver. E, embora se teime que esta abordagem possa ser “lamechas” ou mesmo “a pior forma de liderar para atingir objetivos”, o incrível é que tem que ver com valores já sobejamente conhecidos de todos nós.

Valores como a autenticidade, a atenção, a preocupação, a empatia e a ponderação, são alguns dos que um Chief Love Officer precisa aperfeiçoar para que as pessoas à sua volta se envolvam com os resultados requeridos.

É óbvio dizer-se que “um colaborador feliz produz mais”. Mas talvez não seja tão intuitivo aceitar que, para essa felicidade, é necessário apostar mais na energia do coração.

A própria sociedade impõe que a métrica da presença no local de trabalho seja estipulada mais pela racionalidade do que pela índole emocional. E não é assim tão raro ouvir que, neste aspeto, temos de controlar as nossas emoções, a tal ponto de ter medo de se dizer que estamos tristes, cansados ou mesmo desmotivados.

Com a perspetiva de um Chief Love Officer há espaço para debater as preocupações e as dúvidas internas (por vezes existenciais) dos colaboradores. Existe terreno para um nível de conhecimento mais profundo acerca de cada um dos elementos do grupo. Há leveza para se viver a humanidade na sua devida medida.

Terá então o amor resposta para tudo?

Aprecio o equilíbrio entre razão e coração. Ambos têm o seu espaço na gestão de uma empresa. Se esta for liderada só pela razão terá dificuldades em manter os seus colaboradores. Ao ser gerida somente pela emoção, terá colaboradores que pouco ou nada dão à empresa e que só se mantêm por pena do líder. Ou o líder as mantém por igual pena dessas mesmas pessoas…

Como sempre e em tudo, o ponto certo é o equilíbrio entre o lado mais racional e o emocional. Acredite, uma organização que implemente formas de assegurar o bem-estar técnico e emocional dos seus colaboradores tem mais vantagem competitiva sobre as outras. Porquê? Porque age com a totalidade das suas competências. 

Não é pelo facto de se falar de amor nas empresas que nos tornamos menos competitivos. Pelo contrário, empresas que garantem o equilíbrio emocional na sua gestão estão mais bem preparadas para o sucesso. É por isso que defendo que o amor é mesmo o maior aliado das organizações. E um danado de um bom negócio!

Deixe cair o complexo de uso da palavra amor dentro da sua empresa. Vista você mesmo a camisola de Chief Love Officer e transforme a sua vida e a das pessoas que estão à sua volta. Vai ver que “ele”, o amor, tem a sua magia também no contexto empresarial. E acredite, nada tem a ver com sexo ou romantismo…

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