Escutei esta frase dita pelo atual papa numa entrevista que deu para o documentário “Histórias de uma Geração com o Papa Francisco“, disponível na Netflix – “O amor é gratuito ou não é amor”.
E fez-me pensar;
Parar;
Refletir;
Tentar, nem que seja por breves momentos, encarar o amor como uma forma de ser e não apenas de estar, desprovida de todo o tipo de troca entre quem dá e quem recebe.
Pensar no amor como algo que transcende qualquer transação é, talvez, um dos modos mais bonitos e leves de se viver. Sem exigências, esperas ou cobranças. Amar não é um luxo ou um bem que se comercializa. Amar, digo-o com total confiança, é um estado pleno de existência em que nada necessita ser feito para se ser e acontecer.
Acredito veemente que o amor para ser amor deve ser gratuito. Isento de taxas que reclamam por um pagamento. O amor não é um valor acrescentado, mas o Valor. E quando se tenta aumentar o seu sentimento só porque se necessita de validação externa, amar deixa de ser amor para se tornar numa forma de ganhar créditos para a conta emocional pessoal.
Considero que em todas as épocas se vivem, nem que seja de forma temporária e camuflada, tempos conturbados. Momentos marcados pela guerra, pela epidemia, pela evolução descontrolada da técnica, pela insuficiência das relações saudáveis.
Quando penso sobre isto, sinto que a maioria daquilo que fere o ser humano tem que ver com o facto de o amor não ser uma prioridade na vida, mas um estado que se teima que aconteça porque assim se quer.
Mas,
O amor não quer;
Não exige;
Não reclama;
Não precisa de marcar o ponto;
Não se força;
Não requer entendimento;
Não se equaciona.
Talvez um dos maiores pecados do ser humano seja racionalizar o amor. Tentar encaixá-lo num coração que, por natureza, trabalha por vontade própria.
Mas sendo gratuito, o amor só necessita de espaço e de tempo para se evidenciar. Sem provas complexas de demonstração e sem a ação do pensamento sobre um sentimento que, por si só, consegue preencher tudo aquilo em que toca.
O amor é simples, inteligente, orgânico e é importante que seja desinteressado para que se manifeste de forma clara e inequívoca no coração das pessoas.
Creio que não necessitamos de procurar o que já está, inerentemente, em nós. Basta-nos despertar do sono profundo em que vivemos para que, de modo gentil e natural, o amor aconteça.
Desejo-lhe momentos inspiradores,
César Ferreira