Cristina Amaro
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Não tenha pressa em colher os frutos

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A vida

Não tenha pressa em colher os frutos

Não tenha pressa em colher os frutos

César Ferreira, Mentor de Autores

Não tenha pressa em colher os frutos do seu trabalho;

Não tenha pressa em colher os frutos das boas ações que realiza;

Não tenha pressa em colher os frutos dos seus investimentos;

Não tenha pressa em colher os frutos da alimentação saudável que ainda agora iniciou;

Não tenha pressa em colher os frutos da decisão que tomou;

Não tenha pressa.

Quando nos debruçamos sobre a palavra «pressa», apercebemo-nos estar perante um termo algo estranho e que, por mais que tentemos nos dissociar do seu sentido, acabamos por sentir alguma inquietação. 

Uma parte significativa do mundo está apressada e, creio, sem saber porquê. Simplesmente debanda por aí a alta velocidade como que a vida dependesse de um só dia de fôlego. Mas a vida podem ser vários dias, quiçá, e esperamos nós, até semanas ou anos.

Embora a celeridade seja essencial em situações de urgência, talvez não o seja quando se trata de experienciar a magnitude de estar vivo. Para tal, considero importante aprender a escutar o vai e vem dos pulmões enquanto, mesmo em situações de inquietude, ocorre.

A vida, tal como um fruto que naturalmente amadurece, acontece.

Já se perguntou por que corre tanto?

Por que razão, muitas vezes sem causa aparente, só lhe apetece chegar à meta, revogando todos os passos, conquistas e superações que teve durante o caminho?

Porventura, consegue imaginar a sua vida a passar à velocidade normal em que saboreia cada momento com requinte, usufruto e tranquilidade?

Acredito que só há três maneiras de colher um fruto de uma árvore.

1) Esperar que o mesmo amadureça e depois colher;

2) Apanhá-lo quando já está no chão, caído de maduro;

3) Colhê-lo quando ainda está verde.

Cada um destes cenários tem o poder de dizer que, a forma como colhemos um fruto, é o modo como vivemos o presente.

Reclamamos ter à nossa disposição tudo já maduro, pronto a consumir e isento de espera. Detestamos os minutos a mais que as coisas às vezes demoram quando, de facto, o que estamos a fazer é saltar a experiência do momento.

É aqui que tudo se perde e se esvai. Para o fundo. Para o esquecimento. Para a farsa de que o tempo passa rápido demais quando, na verdade, o tempo talvez seja uma invenção, ou mesmo uma desculpa, para o que não tivemos a ousadia de experienciar.

Mas o tempo não tem tempo. As pessoas é que, dentro e fora de si, o contam. O tempo, por si só, é como uma nuvem que passa despercebida no céu. E por mais que se tente acompanhar a dissolução de uma nuvem, acaba-se por desistir porque, mais uma vez, custa-nos observar e aguardar pelo grande final.

Não tenha pressa em colher os frutos. Estes acabarão por chegar, com a leveza que os caracteriza. 

Viva com elegância e paixão.

Ame a vida.

Acima de tudo, ame a vida que tem. Não a que não tem.

E demore-se, de forma simples, nas pequenas e grandes coisas que a vida lhe tira e traz.

Leia mais aqui.

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