César Ferreira, Mentor de Autores
Não tenha pressa em colher os frutos do seu trabalho;
Não tenha pressa em colher os frutos das boas ações que realiza;
Não tenha pressa em colher os frutos dos seus investimentos;
Não tenha pressa em colher os frutos da alimentação saudável que ainda agora iniciou;
Não tenha pressa em colher os frutos da decisão que tomou;
Não tenha pressa.
Quando nos debruçamos sobre a palavra «pressa», apercebemo-nos estar perante um termo algo estranho e que, por mais que tentemos nos dissociar do seu sentido, acabamos por sentir alguma inquietação.
Uma parte significativa do mundo está apressada e, creio, sem saber porquê. Simplesmente debanda por aí a alta velocidade como que a vida dependesse de um só dia de fôlego. Mas a vida podem ser vários dias, quiçá, e esperamos nós, até semanas ou anos.
Embora a celeridade seja essencial em situações de urgência, talvez não o seja quando se trata de experienciar a magnitude de estar vivo. Para tal, considero importante aprender a escutar o vai e vem dos pulmões enquanto, mesmo em situações de inquietude, ocorre.
A vida, tal como um fruto que naturalmente amadurece, acontece.
Já se perguntou por que corre tanto?
Por que razão, muitas vezes sem causa aparente, só lhe apetece chegar à meta, revogando todos os passos, conquistas e superações que teve durante o caminho?
Porventura, consegue imaginar a sua vida a passar à velocidade normal em que saboreia cada momento com requinte, usufruto e tranquilidade?
Acredito que só há três maneiras de colher um fruto de uma árvore.
1) Esperar que o mesmo amadureça e depois colher;
2) Apanhá-lo quando já está no chão, caído de maduro;
3) Colhê-lo quando ainda está verde.
Cada um destes cenários tem o poder de dizer que, a forma como colhemos um fruto, é o modo como vivemos o presente.
Reclamamos ter à nossa disposição tudo já maduro, pronto a consumir e isento de espera. Detestamos os minutos a mais que as coisas às vezes demoram quando, de facto, o que estamos a fazer é saltar a experiência do momento.
É aqui que tudo se perde e se esvai. Para o fundo. Para o esquecimento. Para a farsa de que o tempo passa rápido demais quando, na verdade, o tempo talvez seja uma invenção, ou mesmo uma desculpa, para o que não tivemos a ousadia de experienciar.
Mas o tempo não tem tempo. As pessoas é que, dentro e fora de si, o contam. O tempo, por si só, é como uma nuvem que passa despercebida no céu. E por mais que se tente acompanhar a dissolução de uma nuvem, acaba-se por desistir porque, mais uma vez, custa-nos observar e aguardar pelo grande final.
Não tenha pressa em colher os frutos. Estes acabarão por chegar, com a leveza que os caracteriza.
Viva com elegância e paixão.
Ame a vida.
Acima de tudo, ame a vida que tem. Não a que não tem.
E demore-se, de forma simples, nas pequenas e grandes coisas que a vida lhe tira e traz.
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