Depois da greve climática estudantil, não sei se hei de chorar. Não sei se é normal termos deixado o nosso mundo chegar a este ponto, onde tem de ser uma rapariga de 16 anos a chamar-nos a atenção de que estamos, de facto, a matar a nossa casa, de que, daqui a poucos anos, os animais vão morrer, de que a água vai deixar de ser potável, e de que vamos presenciar e fazer parte da história de como o animal mais inteligente do planeta foi capaz de extinguir todos os animais da Terra, incluindo ele mesmo. Acho que as pessoas ainda não abriram os olhos, ainda não perceberam a gravidade da situação.
Foi por estar na manifestação que me apercebi de que até as crianças estão mais informadas do que muitos adultos. Foi ao ver uma rapariga às cavalitas da mãe com um cartaz a dizer “Quando eu crescer, quero ver ursos polares” que me apercebi de que nós destruímos o futuro de todas estas crianças que, por mais que viajem, nunca vão poder ver estes animais únicos. Quem me chamou a atenção não foram os adolescentes, como eu, que protestavam com cartazes cheios de asneiras, pois nós, jovens, somos assim, pois não temos filtro; foram as crianças, que provavelmente pediram aos pais para se manifestarem, e que tinham sempre os cartazes mais genuínos, pois as crianças são assim, geralmente eram mensagens sobre os animais e as suas feições não mudavam muito, não estavam contentes estas crianças.
Não estão contentes porque não vão ver animais, não vão poder nadar no mar, não vão poder apanhar sol na praia, não vão poder sair à rua sem uma máscara, não vão poder comer peixe porque o mar está demasiado poluído, não vão poder comer carne. Acho que o futuro do nosso mundo não devia estar condicionado por tantas negações, afinal de contas vão ser elas os líderes daquilo que nós vamos deixar, não sei se vai ser um planeta.
Espero ter filhos um dia, poder passear com eles num jardim, fazer um piquenique e ouvir os pássaros cantar, e no fim do dia poder ir andar de bicicleta no Guincho, sem usar uma máscara, e poder ver os meus amigos a surfar. Espero poder passear pelo mundo e ir à praia sem ter de me preocupar com o plástico que há espalhado pela areia porque deu à costa, visitar as florestas mais emblemáticas do mundo e ver os animais todos que nelas habitam.
Sabem, quando dizem “Essas coisas só acontecem aos outros”? Pois bem, os outros são tu, a tua família, os teus filhos, os teus amigos, os teus conhecidos, e o resto da população mundial, e se não agires agora, pode ser tarde demais. Evitem o plástico, a carne de vaca e de porco, os produtos processados, a fast food, e tudo o que é feito em massa. Vai ser difícil, mas se não fizermos um esforço, vamos acabar todos por nos arrepender.
Fico tão feliz pela minha geração, por estarmos a fazer História, e por fazer parte destes adolescentes todos que não sabem para onde ir, mas sabem o que fazer para chegar lá. E mesmo depois de todas as críticas que são feitas, nós somos capazes de as superar e de criticar aqueles que deveriam de facto estar a salvar o planeta, mas são demasiado egoístas para o fazer. Fomos nós que saímos à rua e demonstrámos o nosso descontentamento, não foram vocês. Não nos critiquem, olhem para nós e aprendam.