Sabe aquele momento em que alguém requer a sua atenção e você não está para aí virada(o)? Há dias em que nos apetece ficarmos sozinhos ou apenas uma conversa leve e que nos faça, por exemplo, rir. Contudo, e como possuímos o “dom” do arrependimento, lá nos colocamos em segundo lugar e nos esforçamos por acompanhar a pessoa na exposição do seu dilema…
Jim Rohn, um notável autor e palestrante motivacional americano, afirmava que “somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos”. Demorei alguns anos até me aperceber da magnitude desta frase. Por ser uma pessoa irremediavelmente disponível, lembra-me de passar longos momentos a ouvir alguém que exigia de mim o que não conseguia dar. E isto estava a corroer-me por dentro.
Não faz sentido darmos quando não temos. Nas relações, nos negócios, em tudo. Quantas vezes nos sentimos esgotados por tentarmos estar sempre presentes? Ouvimos sem escutar. Vemos sem reparar. Compreendemos sem sentir. Posicionamo-nos num estado em que estamos ao dispor de algo ou de alguém que nos suga a energia quando mais precisamos dela.
Aprender a dizer não, ou mesmo a mudar de passeio quando vemos alguém que não nos convém, é um ato de amor-próprio e de autoestima. Não temos de estar sempre desocupados para os outros. Há circunstâncias em que queremos e precisamos de outras coisas.
Respeitar o espaço e o tempo internos é gerir o tempo de antena que podemos dar ao exterior. E talvez uma das maiores provas de amizade seja comunicar a um amigo “hoje estou indisponível para o que tens para mim”.
Confesso que por vezes me apetece andar com uma tabuleta ao pescoço dizendo “lamento, agora estou indisponível”. Seria bem mais fácil, mas certamente não aprenderia a dizer não e a afastar-me quando me é mais vantajoso.
Quero que saiba que está tudo bem quando diz não a alguém. Mesmo que seja a um filho, não se julgue por aquilo que não consegue dar de momento. Precisamos de refúgio e de distanciamento. Faz-nos bem decidir o que sentimos ser uma boa decisão. Na verdade, quando nos entregamos a alguém sem nos respeitarmos a nós próprios, estamos a dar ao outro o que não queremos dar.
Dar e entregar são processos de decisão. Se há alguém que suga a sua energia fique sabendo que pode decidir não o fazer mais. Acima de tudo respeite-se. Mantenha a sua integridade e a sua coerência. Permitir que a “maldição do dizer sempre que sim” seja um hábito é pôr-se a jeito para o desastre emocional.
Se considera que experiencia este tipo de comportamento, sugiro a leitura do livro “Aprenda a Dizer Não Sem Se Sentir Culpado” de Jacqui Marson. Sendo uma leitura que facilita reequacionar o modo como nos damos aos outros, acaba por ser um manual que nos ajuda a viver a plenitude das nossas emoções e a colocar as nossas necessidades em primeiro lugar.
Todos podem exigir de si o que, de momento, não lhe é saudável dar. Contudo, o poder de aceitar ou não essa condição será sempre seu.
Desejo-lhe momentos inspiradores.
Boas Leituras,
César Ferreira
Mentor para a Aprendizagem, Mentor de Autor e Biblioterapeuta