Cristina Amaro
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Fiz 49. Ela tem 81

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A vida

Fiz 49. Ela tem 81

Destaquei esta fotografia no meu telefone e perguntei-lhe: “O que te faz lembrar isto, mamã?” Ela sorriu, com os olhos a brilhar, e do alto dos seus 81 anos respondeu, sem hesitar: “O casaco que tiveste quando eras pequenina! Que engraçado, era igual.”

Eu sabia que ela ia dizer isso. Quando o vesti, disse o mesmo à diretora de marketing da MaxMara Cascais. A loja, que é minha parceira há vários anos, estava a promover um evento do Teddy Coat, o mesmo que a marca italiana está a organizar em todo o mundo e uma das atividades era uma sessão fotográfica bem divertida, com clientes, amigos e parceiros, num momento de experimentação daquele que é um dos produtos premium da marca.

A mamã não se esqueceu do quanto eu gostava daquele casaco. Era vaidosa na altura… Eu, não ela. Sujava-me de propósito para ela me mudar de roupa várias vezes por dia. Sempre doce a minha mãe… Sempre a colocar os outros em primeiro lugar. Há 45 anos, as condições de vida eram outras e nós vivíamos numa aldeia que ainda nem luz tinha… Ou estava na altura para chegar. A roupa lavava-se à mão. E a de lá de casa era de uma família com quatro filhos!

A minha mãe, que todos vocês sabem eu amar do fundo do coração e ser a pessoa que faz parar o meu mundo, tem uma história de vida cheia de altos e baixos. Uma história, como tantas outras mães e mulheres à época, feita da destruição de sonhos para se dedicar à família. Aos filhos. Sim, a minha prescindiu de tudo aquilo de que ela gostava, de ser e de fazer, para cuidar de nós. A mim nunca me faltou amor. Faltou conforto, muitas vezes, mas nunca amor…

Sempre tive uma mãe dedicada. Hoje é a minha vez de a mimar. De lhe dar a mão para compensar a mão que ela me deu a vida toda, a mim. Preencho o meu coração com esses gestos. Não me arrependo de nada do que já fiz e seguramente continuarei a fazer para que ela tenha a melhor qualidade de vida possível nesta fase da sua vida.

Falo dela aqui, não só porque tenho o privilégio de estar a entrar no último ano dos 40s com ela ao meu lado, mas também porque sei ser uma inspiração para muitas pessoas que têm o mesmo desafio que eu. É importante darmos apoio aos nossos. É importante olharmos para os que já foram jovens e já tiveram a nossa idade. Eles merecem ter uma vida, aos 70, aos 80 ou tenham a idade que tiverem quando chegam a seniores.

Irei trazer para aqui, sempre que possível, histórias e pessoas inspiradoras para partilhar saberes e experiências que possam ser úteis. Porque todos gostaríamos de ter uma vida quando chegarmos à sua idade… Talvez seja suficiente pensar nisso. Quando formos nós…

Apaixonem-se pelos vossos pais e avós. Eles são apaixonados por nós… E, sim, um começo é fazerem com que eles regressem à nossa infância com pequenas histórias que os façam sorrir. Como esta que abre o meu texto. Um momento que nos fez recordar, nessa noite ao chegar a casa, toda uma vida.

São os pequenos gestos de amor que fazem a diferença. Principalmente, para as nossas mães…

Deixo-lhe uma homenagem neste momento de entrada nos meus 49 anos. Ela também está de parabéns!

Apaixona-me a minha mãe.

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