Não sou especialista em relacionamentos mas sei que dar e receber amor é uma das formas mais altruístas e equilibradas de se viver. Não consigo imaginar a vida sem amor e sem conexão. Não fomos feitos para passar despercebidos. Precisamos de atenção, de carinho e de alguém com quem possamos dialogar e crescer. Do mesmo modo que não consigo conceber um oceano sem água, não consigo conceber pessoas sem pessoas por perto.
Numa sociedade em que estamos sempre ligados, falha-nos a conexão. Com todo o tipo de dispositivos eletrónicos a atuar estamos mais focados nas notificações do que no toque físico. Não sei aonde isto nos irá levar. Mas talvez esteja na altura de quebrar as barreiras dos ecrãs para nos conectarmos em carne e osso.
Andámos demasiado tempo a contemplar amor e a procurar alguém que nos ame verdadeiramente que, julgo eu, merecemos mais do que um simples comentário ou “gosto” numa rede social. Há algo superior mas que tendemos a esquecer. Que tudo pode “cair por terra” exceto a conexão.
Podemos usufruir de abundância financeira, de saúde e mesmo assim vivermos em solidão. É fácil sentirmo-nos incompletos quando estamos ou somos indiferentes ao que nos faz sentir humanos.
Gostamos de fazer parte de qualquer coisa. E para isto é preciso conexão. O que procuram a religião, a arte e as simples ações da vida senão o contacto mais profundo com a essência humana? Uma essência que se rege pela capacidade de trazer ao de cima o mais elevado grau de conexão.
De igual forma somos pessoas que adoram e necessitam pertencer a um grupo. A família, os amigos, os vizinhos, os grupos de influência, são, efetivamente, a resposta a esse facto natural e a essa necessidade.
Há vários tipos de relacionamentos. Mas todos eles implicam algo mais do que a ligação. E cada um deles existe para cumprir o propósito da conexão.
Por vezes penso por que razão preciso tanto de um abraço. Embora racionalizar esta questão possa parecer “uma parvoíce”, na verdade encontro muitas respostas que me ajudam a perceber o quanto tudo o que tenho e ambiciono não o é de forma isolada. Sem conexão perco o fio da meada não de uma só coisa, mas de todas as coisas.
Nunca foi tão importante trabalhar a conexão. Quando tudo nos indica que é suficiente apenas estarmos ligados, caímos numa dormência relacional que, mais tarde ou mais cedo, nos apresentará os danos. O dano de perdermos, por exemplo, o amor de um filho. O dano de acabarmos com tudo no meio de nada.
Eis dois livros que o podem ajudar a investir na conexão. Duas obras excecionais e que em muito representam o poder e a necessidade da conexão.
O primeiro destaque de leitura incide no livro “Conversas com Deus” de Neale Donald Walsch (obra em 4 volumes).
Neste livro explora-se a questão de Deus, da condição humana e muitas mais. Através da sua leitura vamos percebendo o quanto a conexão é algo que, de forma intuitiva, todos nós desejamos que aconteça nas nossas vidas. Um diálogo delicioso e uma manifestação incrível de humanidade.
O segundo livro que sugiro é “Um Guia para a Vida” de Howard Cutler e Dalai Lama.
Existe uma série de bloqueios humanos que nos impedem a conexão com os outros. Ódio, cólera e ansiedade pertencem a esses bloqueios. Através deste livro percebemos uma das lições mais importantes: que a felicidade só é incontestável quando partilhada. E isto é conexão.
Dos sentimentos mais belos que podemos experimentar é mesmo o sentimento da conexão. É mágico, é natural é humano. Ame mais pela conexão.
Desejo-lhe momentos inspiradores.
Boas Leituras,
César Ferreira
Biblioterapeuta e Reading Coach