Por Cristina Amaro e Alexandra Delgado Figueiredo
Estamos a viver um dos maiores desafios da nossa história. Enquanto empresas, enquanto pessoas, enquanto marcas. Fomos chamados a reagir, sem esperarmos e de forma assustadoramente rápida, a uma pandemia que parece não ter fim à vista e cujos contornos desconhecemos por completo.
Comunicar, tanto no jornalismo, como nas redes sociais e até na própria comunicação das organizações passou a ser um desafio permanente. Obriga a uma adaptação urgente a uma realidade que nos desconforta, assusta e obriga a respeitar. Diz a ONU e muitas outras entidades que estamos perante a pior crise desde 1945. Nós não temos dúvidas. O tempo dirá de que forma nos vai obrigar a mudar ainda mais, mas o que é certo é que esta é uma guerra, vestida de outra forma, que nos afeta a todos. Em todo o mundo.
É, por isso, normal dizermos e pensarmos que estamos perante aquela que pode ser uma 3ª Guerra Mundial. O nosso inimigo é hoje invisível e, por isso, mais difícil de combater. Mas ele varre vidas e pode vir a destruir empresas e, logo a seguir, a sustentabilidade económica tal como a conhecíamos. Tem o lado bom de afinal ser possível fazer alguma coisa pelo planeta, mas isso será outro texto.
É sempre essencial a comunicação. Mas hoje é ainda mais! Sem comunicação não há informação. Nem conhecimento. Nem inspiração. Eu sou profundamente defensora da sua importância. E no que toca a gestão de crises, ainda mais. Tudo o que dizemos, quando e como deve ser medido a régua e esquadro.
Deve haver transparência em todas as informações que são difundidas. Os planos de contingência mobilizaram todos os setores das organizações reformulando, em muitos casos, os planos de comunicação interna e externa. É isso que se deve fazer em momentos como este.
O jornalismo, mais do que nunca, tendo como principal missão comunicar a verdade dos factos, ajudando as pessoas a tomar as suas decisões, deve ser o primeiro a dar o exemplo. E é nesse sentido que eu e toda a minha equipa todos os dias temos trabalhado de forma rigorosa e, posso até dizer, tão mais intensa. Sou suspeita mas acho que todos na nossa redação temos feito um trabalho absolutamente exemplar. E só isso nos permite levar a todos vós os mais importantes e relevantes destaques da atualidade nacional e internacional. Porque há muito que não acontecia tanta coisa. Porque há muito que não havia tanta solidariedade. A todos os níveis. Até com as agências de comunicação e media a agradecer o trabalho que os órgãos de comunicação social estão a fazer. Talvez tenham desta forma percebido que todos precisamos uns dos outros. Sem média não há comunicação. E sem uma boa informação, isenta e rigorosa, não há democracia. Nem liberdade de interpretação.
O caso das fake news é um bom exemplo. Essa desinformação leva à veiculação de mentiras a uma escala global. Como podemos nós combater, também este vírus se não tivermos redações com capacidade para escortinar a verdade da mentira? Já repararam como isto fez com que os meios de comunicação social “tradicionais” voltassem a ter uma credibilidade maior junto das pessoas, nomeadamente os jornais e os telejornais? Eles estão a fazer o seu trabalho. A ser o filtro da quantidade dantesca de informação que nos chega diariamente, muitas vezes errada.
Também o teletrabalho tem sido um grande desafio. Há muitas empresas que nunca antes tinham trabalhado de casa e a falta de fluidez na comunicação entre os colaboradores de uma empresa pode criar alguma dificuldade no decorrer do dia. Mas estou certa de que só nos ajudará a sermos mais resilientes e a dependermos cada vez menos dos outros. Depois disto seremos certamente todos mais autónomos nas nossas funções e mais sensíveis no que toca à importância do outro e às coisas verdadeiramente importantes.
Também as pessoas, estando mais tempo em casa, passaram a ter mais tempo para explorar o mundo do digital. Por essa razão, acredito que esta é a altura certa, como já tive a oportunidade de dizer anteriormente num dos últimos posts aqui do blogue, para as marcas comunicarem mais. É a altura certa da marcas mostrarem às pessoas que estão com elas, não só nos bons momentos como nos menos bons. É altura, acima de tudo, de todos nós, sejamos pessoas, marcas ou empresas, sermos mais conscientes, solidários, tolerantes e inclusivos. Como se costuma dizer, “é nos momentos mais difíceis que sabemos com quem podemos contar”. Por isso, agora é a altura de mostrarmos ao mercado por que razão ele deve continuar a confiar em nós.
Para terminar, acredito mesmo que os maiores desafios têm sido a nossa capacidade de resiliência e o nosso bom senso. E esses não se ensinam nem se encontram em manuais escolares. Treinam-se. Todos os dias. No desafio diário que é a vida.