Por Cristina Amaro
Confesso-me fã do Rodrigo Guedes de Carvalho. E confesso que as palavras dele, no fecho do jornal da noite no dia em que a Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia por coronavírus, me tocaram.
“…permita-me recordar que nesta altura estamos todos no mesmo barco. Não sabemos para onde vai e que perigos guarda.” Começou por dizer, mais ou menos isto, no pivot de despedida, com o ar sério que só ele consegue colocar nestes momentos. O Rodrigo foi assertivo. Esclarecedor. E tocante. Fez o papel dele, o de informar, mas com o necessário sentido de responsabilidade que se deve passar à população. De forma humana mas com algum sentido de reprovação…
Informou o país que, até nova ordem, podemos fazer a nossa vida, fazer as compras sem açambarcar, manter uma higiene vigilante e, acima de tudo, respeitar os outros. É disso que se trata. Se cada um de nós respeitar o outro, esse outro também nos está a respeitar a nós.
Confesso que fiquei chocada com as imagens que vi hoje da praia de Carcavelos, cheia como se fosse Agosto, e o ar de incómodo das pessoas entrevistadas como se o que se passa à sua volta não fosse com elas. Nem no país delas…ou onde estão de férias.
É bom que todos sintamos que não estamos de férias e que a situação é séria! Muito séria! E o que de hoje em diante vier a acontecer depende – mesmo e muito – do comportamento de cada um de nós.
As paragens necessárias que estão a ser feitas pelas empresas não são para as pessoas irem para a praia com os amigos nem para irem para noite beber uns copos, dar uns abraços e uns beijinhos a quem se gosta. Tenham paciência.
É muito importante que não se entre em pânico porque é o pânico que para a economia, mas também é vital que cada um faça a sua parte numa contenção comportamental que se impõe, de modo a evitar o que está acontecer em tantos países da Europa.
Tudo isto me toca ainda mais porque vim de Itália dias antes do surto disparar e para que não houvesse dúvidas sobre a minha saúde e a proteção de quem me rodeia, fiz um período de vigilância de forma a garantir que não estava a por ninguém em risco e o teste do COVID-19 por minha iniciativa. Não vou entrar em pormenores sobre tantos episódios lamentáveis que me aconteceram, pois não é o momento. Vou sim e apenas apelar para que nos unamos todos numa necessária contenção para travar o surto. Depende de nós. De cada um de nós a forma como tudo isto vai evoluir. Se não fizermos a nossa parte, todos, em todo o mundo, isto pode ser um horror inimaginável…
Venho, por isso, apelar ao bom senso. À proteção de todas as pessoas que fazem este país andar para a frente e que fazem o mundo ser um lugar que não queremos que mude para pior. Não haja ilusões de que a partir de agora tudo vai ser diferente na nossa vida, vamos ter de nos habituar a viver de outra forma, mas se ajudarmos a travar esta pandemia, adotando as medidas de prevenção, podemos amanhã não estar a chorar o que perdemos.
A minha empresa alargou o plano de contingência, para além das medidas mínimas, e vai adotar o homeworking necessário para que possamos prevenir-nos a nós, às nossas famílias e aos que estão ao nosso lado. Há que usar os benefícios da tecnologia para evitarmos o contágio e para ajudarmos a diminuir esta escalada de infeções por coronavírus.
Não acontece só aos outros. E sim, depende de nós. De cada um de nós. Do país e do mundo. Garanto-vos que é possível estar em casa 1 semana ou 2 sem sair e que isso pode fazer toda a diferença. Vamos ser responsáveis, maduros, conscientes e participativos para que o barco em que navegamos possa chegar a bom porto. E em segurança. Eu estou a fazer a minha parte! E tu?
Vamos todos redobrar cuidados hoje para que não tenhamos cuidados redobrados amanhã. Por isso, #fazatuaparte.