Cristina Amaro
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Cheguei aos 50 | Dos 30 aos 40

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A vida

Cheguei aos 50 | Dos 30 aos 40

Cheguei aos 50 | Dos 30 aos 40

Por Cristina Amaro

Dos 30 aos 40

21 de outubro de 1999. O dia em que a minha vida começou a mudar. À séria! O mês em que comecei o curso de Técnicas de jornalismo televisivo, no Cenjor. Curso que se veio a mostrar determinante para a maior volta que a minha vida deu.  O ano que fechou o século XX. O ano em que o mundo ia acabar com o BUG do ano 2000. Lembram-se? Foi nesta altura que fiz a primeira “viagem interior”. Aquela que me fez descobrir que tinha de lutar pela minha felicidade. Que me obrigou a repensar muita coisa na minha vida. Que me fez mudar da Exame, onde me tinha apaixonado pelo jornalismo, para o Euronotícias e em que lancei um projeto editorial pela primeira vez. Fiz parte da equipa fundadora da ganhar.net e percebi que o que me motivava era o jornalismo positivo e inspirador.

Foi a partir daqui que decidi dedicar-me a 100% aos meus projetos e que me lancei no empreendedorismo. Que criei de raiz a minha redação. Que criei a minha equipa. À minha imagem. A partir dos 30 tudo mudou. Mas mudou com muito esforço! E com muita dor pelas perdas que a vida me deu nesta década. Os anos que revelaram que não iria ser mãe, apesar de sempre ter achado que ia acontecer. Os anos que revelaram que não era feliz no casamento e que teria de fazer outro caminho. Os anos da abertura da porta ao novo e do fecho ao que não fazia sentido.

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Os anos que levaram anos a nascer o projeto que me fez ir para televisão, onde nunca me imaginei e a vida me levou pela mão. Com muito esforço mas com muita proteção (a prova de que a sorte protege os audazes e também que dá muito trabalho!!). Os anos que levaram anos a consolidar o futuro. Os anos que me transformaram como nunca. Em que tive de crescer e voar sozinha. Que tive de me tornar empresária. Que passei a primeira factura com o nome da minha empresa. Os anos que me tiraram noites de sono, que me fizeram sentir as preocupações de ter de pagar ordenados todos os meses. Os anos das conquistas e das derrotas. Das angústias e das celebrações. Os anos em que me deixei levar, ano após ano, pela paixão que se tornou o Imagens de Marca. Projeto que começou por uma série de 3 meses e que celebrará em janeiro 16 anos de emissões contínuas nas SIC Notícias, e que me faz sentir tantas vezes uma heroína!

21 de outubro de 1999 a 21 de outubro de 2009. A década da transformação pessoal e profissional. A década que me obrigou a olhar para o espelho e ver os meus cabelos louros pela primeira vez (coisa que no início me fazia chorar mas que agora já não consigo deixar de ter). A década que me fez encontrar pessoas que têm tudo para ficar para sempre na minha vida. E outras que deixaram entretanto de estar…

A década das mudanças de casa. Dos investimentos maiores. E das maiores responsabilidades. A época que me fez acreditar que os sonhos são possíveis. Mesmo. Que quando se quer muito e se trabalha ainda mais para o conseguir vencemos. Os anos em que ficou claro valer a pena não desistir.

Foi entre os 30 e os 40 que tive de correr os maiores riscos e que aprendi a seguir a minha intuição. A decidir por mim em vez de ouvir tanto os outros. De pensar pela minha cabeça. De fazer o que diz o meu coração. De acreditar que consigo. De não ter medo e ir atrás. Os anos em que no meio da crise eu investi.

Arrisquei como nunca o tinha feito e apostei na minha total independência professional, passando a ter serviços integrais de produção na área editorial e corporativa na minha empresa. Os anos em que passei de 4 pessoas na equipa para 15. E também os que me obrigaram a levar um projeto muito mais a sério. Os anos em que o meu sonho passou a ser um negócio e tive de criar uma equipa para o sustentar e gerir. Por minha conta e risco. Os anos em que via falir empresas com mais frequência do que qualquer um de nós gostaria e a minha se mantinha. Desde 2003.

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Foi aqui, neste espaço temporal, que me tornei mais dura e mais doce. Mais pragmática e assertiva e mais ternurenta e sensível. Foi nestes anos que percebi que quando as coisas não são como eu quero, vou atrás daquilo em que acredito e faço o meu caminho. Por vezes de forma dura, o que revela o meu lado mais exigente e que para alguns é visto como menos simpático…para não dizer dotado de mau feitio. Que também o tenho. Como uma pessoa normal. Com as suas virtudes e os seus defeitos.

Os anos que me confirmaram que sem trabalho (muito trabalho!) nada se consegue. Pelo menos, nada de extraordinário. E que se tem mesmo de fazer muito mais para se vingar e conquistar o seu espaço. Os anos em que brinquei menos. Os anos em que me diverti menos e trabalhei mais. A década que começou a exigir muito mais de mim e em que não consegui aplicar a máxima do Work hard, play harder. A década em que o trabalho teve de ser colocado em primeiro lugar porque era dele que dependia uma equipa inteira. Os anos em que definitivamente percebi que é o risco que nos desafia e que a ideia do No risk No fun faz mesmo sentido.

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