O relógio marcava 4h30 da manhã. Era já a quinta noite em que acordava com o coração aos saltos e as pernas dormentes. Sentia que algo não estava bem. Não tinha dores em que pudesse tocar, mas uma sensação de aperto muito forte no peito. A minha cabeça não parava de pensar e o que aparentemente seria fácil de resolver tornava-se uma impossibilidade. E todo o meu corpo reagia de acordo com esse mal-estar.
Augusto Cury, no livro “Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século”, afirma que a Humanidade está a adoecer devido à ansiedade. Através de dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das consequências das perturbações mentais comuns em termos de perda de saúde tem a ver com a ansiedade (dados de 2017).
Viver em ansiedade é como estar sempre à espera que aconteça o que mais tememos. Vivemos com medo e terror até do mais simples ato de existência.
Talvez estejamos a dar muito mais valor àquilo que não desejamos sentir do que ao que, verdadeiramente, nos faz bem. Contudo, existe a crença de que estar bem é difícil e de que necessitamos de algo externo para conseguirmos o estado de tranquilidade. É então mais fácil investirmos em medicamentos do que nas nossas próprias dores.
A dor existe com um propósito. Talvez seja o poste de sinalização de que precisamos para perceber algo acerca de nós próprios. Algo que tem de ser curado e não camuflado.
Durante muitos anos, tomei antidepressivos, calmantes e todo um arsenal de comprimidos que, supostamente, me dariam o César que procurava. Embora o estado de entorpecimento me tenha sido útil para “trancar” as preocupações, a verdade é que as mesmas não desapareceram. Pelo contrário, ganharam uma nova roupagem. Entraram em metamorfose, o que me fez perder o controlo total sobre mim mesmo.
Cada caso tem a sua especificidade e certamente há casos em que a medicação é mesmo necessária. Mas a facilidade com que se mete um comprimido à boca é deveras incrível.
Tive muitas insónias. Senti muito desconforto. Houve momentos em que pensava estar a ficar louco. Momentos em que o abismo para lá da janela do meu quarto era equacionado como solução. Como eu, muitas pessoas passaram e continuam a passar por isto.
Não sei se conseguiremos viver totalmente sem ansiedade. Julgo que uma pitada de stresse em algumas situações pode levar-nos a agir e a ativar recursos maravilhosos. Mas estou certo de que se a nossa vida girar à volta da ansiedade, estaremos a escassos passos da falência existencial.
Hoje em dia, existem infindáveis vias para saber lidar com a ansiedade. O conhecimento acerca do tema evoluiu. Porém, tudo isso só funcionará se estiver preparado para que algo mude na sua vida.
Muitas vezes preferimos manter a zona de conforto, mesmo que implique dor, pois esta dor já a conhecemos. Na verdade, até lhe damos um nome e tornamo-nos tão íntimos que, mesmo que saibamos que nos faz mal, demoramos a sair.
Não sou especialista em ansiedade. Mas, pela minha experiência, sei que há pesos que temos de largar. São estes pesos que nos dão a ansiedade e nos fazem viver aprisionados a coisa nenhuma.
É preciso coragem, ousadia, um certo desconforto, para nos libertarmos deles.
Demorei a descobrir o que me causava ansiedade. Só olhando para mim a partir de fora é que fui capaz de perceber o que estava menos bem e agir. Talvez tenha sido a diferença entre estar vivo de momento ou não.
Um dos livros que quero partilhar hoje e que tem ajudado milhares de pessoas a lidar com a ansiedade é “Viver Sem Ansiedade, Agora e Para Sempre”, de Cristina Gonçalves e Ricardo Laranjeira.
Perceber a ansiedade e ter alternativas eficazes para lidar com ela é, para mim, uma das ferramentas mais importantes que, hoje em dia, se pode ter. E este livro dá-nos toda essa informação.
A ansiedade marca, atualmente, o ritmo da sociedade. Muitas famílias se quebram como consequência da ansiedade. Muitos renegam a sua essência. Outros chegam mesmo a estados de depressão muito profundos apenas por não saberem lidar com as primeiras manifestações de ansiedade.
Mantenha este livro na sua mesa de cabeceira. Não dê espaço para que a ansiedade tome conta da sua vida.
Desejo-lhe momentos inspiradores.
Boas leituras,
César Ferreira
Biblioterapeuta e reading coach.