Cristina Amaro
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A vida no pós-covid

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A vida

A vida no pós-covid

A vida no pós-covid

Por Cristina Amaro e Alexandra Delgado Figueiredo


Nos estudos que leio, nas opiniões que oiço, nas notícias que vejo tenho constatado aquilo de que me tenho vindo a aperceber ao longo destes tempos desafiantes. Que no pós-covid vamos passar a valorizar aquilo que já devíamos ter começado a valorizar há muito tempo: as pequenas grandes coisas da vida, os pequenos negócios, o que é português, os profissionais de saúde, quem trabalha nos supermercados, os jornalistas. No fundo, todos aqueles que têm estado na linha da frente para que todos os outros pudessem estar protegidos nas suas casas à espera de que o drama não lhes batesse à porta.

Alguns estudos dizem que vamos passar a ter maior consciência acerca do valor dos produtos ou serviços e que vamos dar mais importância ao que é nacional, ao que é português. E eu pergunto-me: será que era preciso isto ter acontecido para que começássemos a fazê-lo?

Talvez é a resposta que me ocorre. Gostava de dizer que não, mas parece-me pouco provável que com a vida que levávamos tivéssemos sequer tempo ou oportunidade de repensar todas as nossas atitudes, todas as nossas escolhas.

Passávamos a vida a correr à procura do que achávamos ser o melhor para nós, mas pelo meio esqueciamo-nos de tantas outras coisas que podem, de facto, fazer a diferença na nossa vida e na dos que estão à nossa volta. E as pequenas coisas podem passam por, por exemplo,  comprar produtos nacionais, apostar no que é nosso, dar a oportunidade a que marcas portuguesas possam ser maiores e ganhar espaço no mundo. Dar valor aos profissionais de saúde que durante todo este tempo estiveram sempre connosco.  Aos jornalistas que, apesar das circunstâncias, continuaram a trazer até nós a atualidade,  o rigor e profissionalismo  da informação, de que tanto precisámos e continuamos a precisar todos nesta fase.
É importante não esquecer de que quando precisámos foi a todos estes e tantos mais que recorremos. E no pós-covid gostava que pensássemos mais nisto. Acima de tudo, que não nos esquecêssemos. Porque este não está a ser um drama maior porque cada um de nós não permitiu que isso acontecesse, fazendo todos os dias a sua parte.

E fazer a sua parte, para uns, era trabalhar. Para outros, era ficar em casa. Sempre em prol de um objetivo comum. Sempre a pensar no outro.

E, mesmo quando a vontade de muitos dos que não podiam ficar nas suas casas era desistir, persistiram e continuaram. E há que louvar e relembrar todos estes heróis sem capa. Porque não são apenas os profissionais de saúde, apesar de terem tido (e continuam a ter todos os dias) sempre um papel absolutamente fundamental. Fomos todos.

E na hora de pensarmos quanto vale o trabalho de um profissional de saúde, de uma pessoa que trabalha numa caixa de supermercado, de um jornalista, de um empregado fabril e de tantos outros, vale a pena parar para pensar na importância que cada uma destas profissões tem na nossa vida. E sempre que se esquecerem disso lembrem-se de quem esteve sempre convosco nestes últimos meses. Sem abandonar o barco e certamente, muitas vezes, com vontade de o fazer.

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