Foi uma memória que saltou de dentro das malas “António” assim que vi a imagem da Cristina Amaro de mochila às costas no Imagens de Marca.
É esta a memória que tenho de mim aos 10 anos, a caminho da escola primária todas as manhãs… Uma rotina de criança que se tornou um dia especial e que nunca mais me deixou esquecer aquela pasta com as duas alças que colocava às costas. É que certo dia, ao sair da porta do prédio, fui surpreendida pela voz de um rapazinho da minha rua:
– Olá! Vim só dizer-te bom dia e dizer que és muito bonita. – Senti um calor subir-me às bochechas e nem consegui balbuciar uma palavra. Estava envergonhada, pois o tal rapazinho, que era um ano mais velho do que eu, também me encantava secretamente. Foi o meu primeiro amor. É claro que ele percebeu a minha atrapalhação! Sem muitas demoras – talvez porque estivesse também a aproveitar um ímpeto de coragem, quiçá após um sonho romântico –, disse-me para continuar o meu percurso para a escola e não me atrasar.
Mal virei costas – como que se tivesse vontade de me tocar –, deu-me uma pancadinha na pasta, que fez com que esta se desengonçasse de um lado para o outro:
– Desculpa! – Disse, muito apressado, para eu não me zangar com o gesto traquina. – Foi uma pancadinha de amor… e as pancadinhas de amor não doem…
E não doeram! Este fragmento de vida escondido na memória daquela pasta da escola, que a marca António recuperou, faz parte de um amor que tem sido muito bem guardado e já dura há 26 anos!