Por Cristina Amaro
O Burnout é tema tabu para a sociedade em geral. Para mim nunca foi. Sempre senti que devia falar abertamente sobre o que me aconteceu, por saber que tenho uma responsabilidade acrescida. Não posso e não quis ser apenas a pessoa que inspira só pelos bons exemplos. Também devo mostrar que sou humana e que tenho fragilidades, que devem ser corrigidas. E a experiência que vivi foi claramente um exemplo disso. Por isso, não me incomodo de voltar a falar desse tema.
Quando partilhei a minha história de Burnout fi-lo porque precisava de escrever. Precisava de usar as palavras escritas para me ajudarem a curar. Estava longe de imaginar que se tornariam tão importantes para tanta gente. Tão iguais às que tantas pessoas queriam escrever e não tinham coragem de fazer publicamente.
Todos temos direito a defender a nossa vida privada – e eu sou muito defensora disso -, mas há momentos que devem ser públicos para que possam ser compreendidos, por um lado e, por outro, para que possa ser uma ajuda.
Não fazia ideia do que era ter um Burnout. Infelizmente, vivi-o na primeira pessoa e será sobre ele que a Revista Caras irá falar em breve. O que foi surpreendente para mim foi saber, ao longo dos últimos meses, que muita gente sofre deste problema. Em silêncio.
E que feliz que sou por não ter feito essa escolha! O silêncio não deve ser a opção. E a sociedade não pode julgar nem condenar o que não conhece. Simplesmente porque este é um problema que pode acontecer a cada um de nós.
Adorei, como sempre adoro, conversar com a Cláudia Alegria e talvez por isso tenha voltado a aceitar conversar abertamente sobre este assunto da forma que o fiz. Sem tabus.
Hoje estou outra pessoa. Renasci. Ganhei o maior de todos os tesouros: uma nova vida.
Terão oportunidade de ler em breve. E o dia de produção deste trabalho com a Caras, uma revista que admiro e respeito muito, é um exemplo de como estou diferente. Dizia isso à Cláudia – “noutra altura teria pedido para ser mais perto de Lisboa e nunca teria vindo para a Comporta um dia inteiro”.
Estou a atravessar um momento altamente desafiante na minha carreira e muito criativo na minha empresa e, por isso, com uma agenda difícil de gerir. Mas agora sei o quão importante é parar um bocadinho para respirar. Antes, apesar de saber que era importante, não conseguia dizer que não a nada e simplesmente não parava. Agora paro. Aprendi, infelizmente com um momento que me doeu, que a vida deve ser vivida e aproveitada de outra forma.
E que bem me soube este dia com pessoas diferentes, a fazer coisas diferentes, num lugar que adoro. A reportagem da Caras só pode ficar gira porque foi feita com muita dedicação e com o carinho que toda a equipa sabe pôr nestas coisas. E para mim é sempre um prazer.
Se aprendi com um problema que continua a ser um estigma social? Muito!! Não percam a revista que irá para as bancas muito em breve.
Este foi um dia feliz. Obrigada à Caras e a toda a equipa que esteve connosco na sessão fotográfica e na produção. Obrigada ao Comporta Café que nos acolheu tão bem (voltarei nas férias para repetir o risotto de marisco com carabineiros que estava delicioso!) e obrigada também à minha equipa por toda a dedicação que colocou neste momento.
Foi um dia leve e bonito a fechar longas e intensas semanas, algumas bem cinzentas…
Os dias que não se vêem escondem muitas dores e muitas outras alegrias que fazem parte do nosso crescimento como pessoas e profissionais. Também por isso importa dar brilho à vida e vestirmos umas cores alegres! E o amarelo representa alegria e é mesmo uma das minhas cores preferidas. Trago-o para aqui porque de alguma forma ele representa a minha nova vida. Com as férias à porta, que ele nos inspire a todos para conquistarmos muitas alegrias! Boas férias a todos, com muito boas leituras pelo caminho. <3
Vivam tudo devagar. Só assim tem mais sabor.
Produção CARAS com o apoio de:
Stock Room Studio; Vanity Hair By Ulisses; Luís Onofre; Comporta Café