Cristina Amaro
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A CRIANÇA Interior

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A vida

A CRIANÇA Interior

A primeira vez que tive contacto com “As Aventuras de Tom Sawyer” foi através da série de animação que passava aos sábados de manhã na televisão. Histórias hilariantes, cheias de humor e com a capacidade de transformar o mais gigante ócio em momentos de energia. Facilmente via-me a correr nas margens do Mississípi na companhia de Tom e de Huck. Fazíamos parte de um círculo de amigos bem chegados em que os segredos e as traquinices cumpriam bem o seu papel.

Para quem já viu o filme ou leu “As Aventuras de Tom Sawyer”, sabe que nem tudo é brincadeira. Mas também sabe que, embora os assuntos possam ser sérios, há sempre uma forma divertida (criativa) de lhes dar a volta.

Hoje em dia ainda me guio pelo que aprendi com Tom Sawyer. Faço-o desde que o conheci. Houve até um momento na minha infância em que só queria andar descalço, usar suspensórios e correr tal como ele. Este era o meu imaginário de liberdade em que tudo tinha uma solução e uma aprendizagem no final. Com Tom, nada fica em aberto.

Brincar é talvez das coisas que mais gosto de fazer. Brinco com os meus filhos, faço asneiradas, assumo total e irrevogavelmente a minha criança interior. E isto tem-me dado tanto de bom ao longo dos anos.

Somos quem somos na medida das experiências de vida que temos. Estas experiências acompanham-nos para onde quer que vamos. São indissociáveis. Estão impregnadas em nós. Por vezes, os problemas surgem quando tentamos renegar algumas das nossas partes. É aqui que colocamos máscaras e fatos de fantasia. Para deixarmos de ser quem verdadeiramente somos.

É importante alimentarmos a nossa criança interior. Propor-lhe desafios, outras perspetivas, novos brinquedos, dar-lhe colo de vez em quando, escutar-lhe. Estar em paz interior é estarmos bem com todas as nossas partes.

Talvez a verdadeira lição que aprendi com Tom Sawyer não tenha sido a de levar a vida “mais na boa”, mas a de viver cada dia como uma aventura.

Se ainda não leu “As Aventuras de Tom Sawyer” de Mark Twain sugiro, ardentemente, que o faça. Tenho a certeza que algo dentro de si quererá desde logo começar a correr livremente pelas margens do Mississípi.

Aproveite para expressar a sua criança interior. Dê-lhe voz, colo e, se tiver algo a resolver com ela, faça-o. Não permita que dentro de si habitem partes não resolvidas e em conflito. Todas têm a sua função. Todas fazem de si quem realmente é.

Desejo-lhe momentos inspiradores.

Boas Leituras,

César Ferreira
Biblioterapeuta e Reading Coach

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